Vai um cafézinho aí? Pesquisadores desenvolvem fórmula que reduz glicemia e percentual de gordura.

O Brasil é um dos maiores consumidores e exportadores de café do mundo. E o mercado cafeeiro vem inovando cada vez mais, na busca de fórmulas especiais que agreguem valor a um dos produtos mais tradicionais da lavoura brasileira. Nesse sentido, pesquisadores da Fiocruz Ceará desenvolveram uma fórmula de café especial que reduz a glicemia o percentual de gordura nos consumidores.

O ensaio clínico, coordenado pelo pesquisador Márcio Araújo, enriqueceu o café, 100% arábica, com duas fórmulas naturais para averiguar os efeitos e impactos na saúde da população: o cacau e o frutooligossacarídeo (FOS), um açúcar não convencional, não calórico e não metabolizado pelo organismo humano. Café e cacau são dois alimentos com propriedades para controle e prevenção de muitas condições crônicas em saúde, em virtude das suas propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e antidiabéticas.

O ensaio foi conduzido com 37 adultos não diabéticos durante 10 semanas, divididos em dois grupos para consumir a fórmula com cafeína e outra fórmula descafeinada. Os participantes foram orientados a consumir café duas vezes ao dia, durante o café da manhã e almoço. A bebida (coada) foi preparada através de sachês de café em pó, contendo café arábica, FOS e cacau, divergindo um grupo do outro apenas acerca da presença/ausência de cafeína.

A mensuração de dados bioquímicos (glicemia venosa, hemoglobina glicada, frutosamina e glicemia capilar) foi realizada em jejum no início da intervenção, na quinta semana de acompanhamento e 10 dias após o experimento. Os dados de antropometria e da pressão arterial foram mensurados na fase inicial e 10 dias após o final do estudo.

Como resultado, todos os participantes, independente do grupo, tiveram redução estatisticamente significante de glicemia e de percentual de gordura. O grupo que usou a fórmula cafeinada teve uma redução maior de percentual de gordura. O grupo que consumiu a fórmula sem cafeína teve redução significante da pressão arterial diastólica. “O que podemos dizer é que o café desenvolvido foi efetivo e seguro na redução da glicemia e percentual de gordura, independentemente da fórmula, e pode ser uma estratégia adjuvante na do desenvolvimento de diabetes tipo 2, pois o estudo foi conduzido entre pessoas não diabéticas. Outra informação relevante é que o café é do tipo coado, mais acessível financeiramente para a população”, explica o coordenador do ensaio, Márcio Flávio Araújo.

A descoberta abre uma janela de oportunidade no mercado cafeeiro, pois existe uma carência no setor de fórmulas enriquecidas com propriedades biológicas com apelo para a saúde e o bem-estar das pessoas e na literatura não existem dados publicados sobre cafés que tenham sido enriquecidos com componentes naturais para averiguar os efeitos clínicos e impacto nos consumidores.

O Brasil é um dos maiores consumidores e exportadores de café do mundo. No Ceará, a produção no Maciço de Baturité, há 100 quilômetros da capital Fortaleza, coloca o estado em destaque no cultivo de grãos para cafés especiais. O mercado tem se tornado mais consciente e exigente e um novo perfil de consumidor surge optando por produções mais sustentáveis. “Existe um mercado aberto para explorarmos essa fórmula e nosso próximo passo é conversar com as empresas para aperfeiçoar questões da fórmula como biodisponibilidade e preço. Por ser uma questão cultural forte, acreditamos que estimular o consumo de uma bebida como essa vai trazer uma repercussão positiva na saúde das pessoas, ressalta Marcio.

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