Fiocruz Ceará e Cogepe debatem enfrentamento ao assédio e outros tipos de violência

A Fiocruz Ceará em parceria com a Coordenação Geral de Gestão de Pessoas (Gogepe) da Fiocruz realizou, nos dias 5 e 6 de junho, uma programação voltada para o público interno. Na pauta dos encontros, as discussões acerca de enfrentamento ao assédio sexual, moral e outras violências no ambiente de trabalho. As atividades contaram com a participação de Andrea da Luz Carvalho, coordenadora geral da Cogepe; e de Daniela Bueno, ouvidora substituta da Fiocruz.

Carla Celedonio, coordenadora da Fiocruz Ceará, enalteceu a iniciativa que faz parte da programação em alusão aos 15 anos da Instituição no estado. “Assim como a realização da RAIC e do 1º encontro da Renasf, estes momentos demonstram o fortalecimento e o amadurecimento das nossas atividades, com relevante apoio da Presidência e de todas as coordenações. Nosso intuito é reforçar momentos de encontro e debate como estes, aproximar ainda mais nossa comunidade, estimular a integração e o bem-estar da nossa população, sempre com espírito de diálogo”, defende.

A Ouvidoria é o principal canal institucional de denúncia.

“O tema parece pesado, mas é necessário”, afirma Andrea da Luz. A coordenadora geral da Cogepe afirma que a política de enfrentamento ao assédio dentro da Fiocruz já é tratada desde 2009 e que continua em constante aperfeiçoamento. “Nossa meta é fortalecer as condições para um ambiente de trabalho justo e decente, onde cada um de nós possamos ser promotores de uma cultura de paz”. A gestora apresentou a Cartilha Assédio Moral, Sexual e Outras Violências no Trabalho, ratificou a importância de saber conviver com as diferenças e informou sobre quais canais procurar em cada caso. “A Ouvidoria é o principal canal institucional de denúncia. É imprescindível que todos se sintam acolhidos e fortalecidos diante destes procedimentos internos, mas também nos cabe esclarecer que, em casos de crimes, incentivamos a busca das instâncias apropriadas. É uma questão de cidadania”.

Daniela Bueno confirma que a Ouvidoria é um canal “isento e ético” na relação entre servidores e Fundação. Ela apresentou a estrutura do setor e as demandas que costuma receber. “Nosso papel preponderante é ouvir, acolher, orientar e mediar os conflitos. Ainda temos muito a melhorar, mas nunca nos omitir”, defende.

Após as apresentações, o público pode interagir. A servidora Luciana Lindenmeyer destacou o caminhar marcado pelo diálogo dentro da Fiocruz Ceará ao longo dos 15 anos de instituição. “Estamos avançando e isto é uma grande conquista. A criação do Comitê Pró-Equidade de Gênero e Raça nos conduzirá de forma ainda mais clara para enfrentarmos esses temas de forma mais efetiva”. João Hermínio Martins, coordenador de Pesquisa da Fiocruz Ceará, também enalteceu a iniciativa e afirma ser “bem-vindas” discussões como esta. “Que se tornem periódicas e mais participativas”, defende. Ivana Barreto, representante da área de Saúde Digital, também reforçou o sentimento de “cultivar o ato de sermos equipe, independente das convergências e divergências”.

Combate à violência contra a mulher

A pesquisadora destaca a necessidade de incluir homens, crianças e entes variados no processo de conscientização.

No período da tarde, nova atividade focou na Violência contra a Mulher e seus impactos. A enfermeira Rafaelle Dantas Bezerra, mestre em Saúde da Família pela Renasf e vice-presidente do Comitê de Prevenção à Mortalidade Materna e Infantil do Sertão Central apresentou sua pesquisa sobre violência doméstica realizada no município de Boa Viagem, cidade localizada a 200 quilômetros da capital cearense. “Ela tem origem na discriminação ou inferiorização da mulher pela questão de gênero e se constitui como um dos mais preocupantes problemas de saúde públicas do pais”. A pesquisadora falou sobre encontros com a comunidade, propostas apresentadas por eles para o enfrentamento e a necessidade de incluir homens, crianças e entes variados neste processo de conscientização. “Só com um trabalho conjunto e intersetorial as mudanças e a construção de novas práticas surgirão como caminho”, pontua.

A pesquisadora Luciana Alleluia destaca que a violência doméstica é apenas um dos pontos da violência contra a mulher, “que passou a sair de casa e ocupar lugares”. “Esta percepção tende a aumentar à medida em que continuamos marcadas como objeto, por isso a violência nos atinge de forma tão singular, particular e individualizada. Diante disso, nosso dever de reforçar o acolhimento, a empatia e destruir o mito da rivalidade. Precisamos, e devemos, cuidar melhor umas das outras”, defende.

A servidora Luciana Lindenmeyer reforça a importância de fortalecer espaços de escuta e acolhimento dentro da instituição. “Queremos valorizar estes movimentos para nos fortalecermos mutuamente, numa rede interna baseada no diálogo e na construção coletiva”.

Carla Celedonio reforçou o empenho da nova gestão da Fiocruz Ceará em defender uma cultura de paz. “Será nosso papel, a todo momento, nos mantermos vigilantes com as palavras e com o trato com as pessoas. Pode parecer pequenas coisas, mas ações conjuntas e coletivas contribuem para um clima de respeito e fortalecimento institucional. Esta deve ser o nosso legado”.

Encontro, acolhimento e fortalecimento

A programação com as mulheres seguiu na manhã da terça-feira (6/6). Em momento reunindo exclusivamente mulheres, elas participaram de uma roda de conversa onde tiveram a oportunidade de ouvir, compartilhar, aprender, refletir e se ajudar mutuamente. A experiência com a troca de experiências, no espaço de construção marcado pelo apoio, mostrou que o ambiente de trabalho pode ser de vivências coletivas. “Enquanto gestora mulher, penso que estamos no caminho certo, com os olhos voltados também para quem está ao nosso lado”, afirma. As representantes da Cogepe realizaram ainda encontro com os gestores/as e líderes.

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