Pesquisadora da Universidade Nova de Lisboa participa de oficina com integrantes do LARIISA

Intercâmbio entre pesquisadores da Fiocruz Ceará e da Universidade Nova de Lisboa fortalece projetos de Saúde Digital.

Pesquisadores do Laboratório de Redes Inteligentes e Integradas em Saúde (LARIISA), da área de Saúde Digital da Fiocruz, estiveram reunidos na última sexta-feira (18/11), na Fiocruz Ceará, para fazer um balanço dos projetos desenvolvidos pelo grupo em colaboração com a Universidade de Nova de Lisboa. A reunião contou com a presença do coordenador geral da Fiocruz Ceará, Carlile Lavor, e da professora Cláudia Pernencar, pesquisadora convidada do LARIISA e membro do grupo de Investigação em Comunicação Estratégica e Processos de Tomada de Decisão do Instituto de Comunicação da NOVA (ICNOVA), da Universidade Nova de Lisboa, em Portugal.

No contexto da Saúde Digital, a professora Cláudia Pernencar evidencia a importância do design enquanto construtor de soluções, capaz de agregar os sistemas, mas também de estabelecer diálogo com o usuário. “Trouxe a experiência de Portugal, que trabalha com a digitalização dos processos de Atenção Primária desde 2017, mas tenho aprendido muito com o Ceará também. Nosso desafio é pensar soluções que permitam uma melhor experiência do usuário dentro do sistema. Desenvolver interfaces tecnológicas que cheguem à ponta, onde o SUS chega, e de fato sejam compreendidas e bem utilizadas”, defende.

Para o pesquisador da Fiocruz e líder do LARIISA, Odorico Monteiro, outro grande desafio é a escala. “Quando é preciso dar escala a uma tecnologia, uma série de etapas deve ser cuidadosamente planejada, para que realmente seja agregado um valor de uso a essa ferramenta no cotidiano do trabalho em saúde”.

O coordenador geral da Fiocruz Ceará, Carlile Lavor, enalteceu a parceria com a Universidade Nova de Lisboa e disse que esse intercâmbio de conhecimentos dialoga com o propósito de inovação tecnológica e a internacionalização da Fiocruz. Lavor convidou o grupo a apresentar os projetos do LARIISA na reunião do Conselho Gestor da Fiocruz, que acontecerá no dia 29 de novembro, quando estará presente o vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz, Hermano Castro.

Pesquisadora Cláudia Pernencar (à esquerda) foi recebida pelo grupo do LARIISA Saúde Digital.

JORDANA e a atenção à mulher pernambucana

O pesquisador da Fiocruz Ceará, Odorico Monteiro, iniciou a reunião apresentando o projeto JORDANA, um acrônimo para Jornada Inteligente da Mulher Pernambucana na Linha de Cuidado do Câncer de Colo de Útero. Trata-se de uma solução tecnológica que vai facilitar a governança nesta área por meio do monitoramento de dados dos sistemas de informação em saúde, em diálogo interoperável entre o e-SUS Atenção Básica (e-SUS AB), o Centro Nacional de Estudos Espaciais (CNES) e o Gerenciador de Ambiente Laboratorial (GAL).

Segundo a Product Owner do JORDANA, Rafaelly de Freitas, o software já está com a estrutura referente aos Testes de HPV e Citologia para iniciar as atividades nas unidades de saúde. O próximo passo é acompanhar também os resultados do exame de colposcopia. “Existem mulheres que fazem repetidamente os exames ginecológicos e há outras para as quais a informação não chega. Então vamos fazer um gerenciamento inteligente convidando estas a realizarem os exames e informar as demais que tiveram dois resultados negativos seguidos que somente devem fazer novos exames em cinco anos”, explicou.

Rafaelly pontuou que a implantação da JORDANA também contribuirá com os processos de educação em saúde, uma vez que trabalha de forma ativa para o convite a realização dos exames.  “Identificamos na nossa pesquisa inicial, que ouviu mais de quarenta pessoas envolvidas da linha de cuidado, que muitas mulheres ainda têm medo de fazer o exame ginecológico e pretendemos contribuir para amenizar isso por meio do conhecimento”, disse a P.O., acrescentando que o desafio é contribuir para a construção de uma jornada de cuidado ideal, que vai além de digitalizar informações em papel.

O JORDANA é desenvolvido a partir de um longo trabalho centrado na Experiência do Usuário, contando ainda com diversas integrações com sistemas já usados no Sistema Único de Saúde (SUS). O líder técnico do JORDANA, Renato Alexandre, acrescentou que atualmente toda parte macro do Sistema está desenvolvida e a equipe agora trabalha na fase de interface com o usuário, que será convidado a acessar as informações de acordo com a unidade na qual está vinculado.

GISSA CHAT BOT – informações para Mamãe-Bebê, diabéticos e hipertensos

Outro projeto apresentado pela pesquisadora Ivana Barreto foi o Gissa Chat Bot, um assistente virtual que passa informações sobre assuntos de saúde. A primeira versão está direcionada à saúde de mamães e bebês, enfocando a Gestação e pode ser acessada em uma página do Facebook (https://www.facebook.com/gissachatbotmamaebebe?mibextid=LQQJ4d). O bate-papo acontece por meio do aplicativo Messenger. Os conteúdos disponibilizados no Chat Bot foram produzidos por profissionais de saúde especializados em Atenção Primária e Saúde da Família.

A coordenadora do projeto, pesquisadora Ivana Barreto, informou que o Gissa Mamãe Bebê iniciou em formato de aplicativo e migrou para a plataforma Facebook para facilitar o acesso das possíveis usuárias. “Após um ano e meio de trabalho, consideramos que a ferramenta evoluiu, assim como a metodologia de avaliação da usabilidade”.

Ivana Barreto acrescentou que o próximo passo é ampliar a experiência com um chat bot para hipertensos e diabéticos e ampliação de funcionalidades integra a tese de Doutorado do professor do IFCE de Maracanaú, Fábio José.

A professora do IFCE de Tianguá, Raquel Silveira, especialista em agentes conversacionais, justificou a opção pelo Facebook, que permite a inclusão de vários cenários de conversação e compreensão das etapas de aprendizagem de máquina, facilitando a integração com plataformas de mensagens instantâneas como o Messenger e WhatsApp. “O Dialog Flow trabalha com listas numeradas. Na mensagem já abre o chat bot com algumas alternativas para iniciar a conversação e todas as instruções para a usuária”.

O GISSA Chat Bot está sendo testado no município de Sobral, com gestantes e agentes comunitários de saúde, como parte da dissertação de Mestrado da enfermeira Amanda Marinho Feitosa. “Uma sugestão, a partir dos testes, é desenvolver emojis e ilustrações que facilitem a compreensão das usuárias”, afirmou. A professora Cláudia Pernencar concordou e sublinhou que “esses elementos visuais vão além da conversação, explicando de forma inteligente a mensagem e estimulando a interação”.

A designer Vanessa Cacau lembrou que, no caso do Chatbot Mamãe-Bebê, as informações também estão disponíveis na caderneta da gestante, fornecidas pelo SUS. “Como nesse momento a caderneta não está sendo disponibilizada, o produto se torna mais útil, porque as gestantes dispõem de um novo canal para obter informações validadas e confiáveis”.

O pesquisador Odorico Monteiro acrescentou que outro desafio para esta solução digital é incluir o uso de voz, por meio da produção de alertas e diálogos utilizando tecnologias de inteligência artificial.

CoVive Social: comunicação entre profissionais de saúde e usuários

Mais uma aplicação apresentada durante a oficina foi a ferramenta CoVive Social. Trata-se de uma tecnologia desenvolvida com o propósito de facilitar a comunicação entre familiares, pacientes hospitalizados e profissionais de saúde. O projeto está sendo construído em parceria com o Hospital Geral de Fortaleza e sua inspiração é a solução dos desafios de comunicação observados a partir da pandemia de Covid-19.

O pesquisador Odorico Monteiro, líder do projeto, explicou que a tecnologia vai funcionar tanto na interface mobile quanto na web. “Afinal não é confortável para a equipe de saúde rodar um aplicativo profissional somente no celular pessoal, por isso vamos desenvolver também a versão web”.

Já o líder técnico Renato Alexandre informou que no momento está desenvolvendo a aplicação que vai integrar o software ao banco de dados do hospital no futuro. O acesso do usuário se dará a partir de um perfil que identificará quais informações e serviços serão disponibilizados, destinados a pacientes, familiares e profissionais de saúde. A aplicação deve realizar chamadas de vídeo e de voz.

Um protótipo do CoVive Social deverá ser apresentado em breve à gestão da Secretaria da Saúde do Ceará e Hospital Geral de Fortaleza.

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