Oficina promove inovações no cuidado em saúde e vigilância popular nos territórios

Povos de dez territórios do Ceará participaram do encontro.

Uma série de eventos especiais dedicados à promoção da saúde e ao avanço científico fazem parte da programação alusiva aos 15 anos de existência da Fiocruz Ceará. Nos dias 22 e 23 de junho aconteceu a oficina de ‘Compartilhamento e validação das inovações do cuidado em Saúde e na vigilância popular produzida nos territórios Serpovos e Participatório’. Estiveram presentes povos de dez territórios do Ceará: os indígenas Anacé (Caucaia), os Potygatapuia e Tabajara Serra das Matas (Monsenhor Tabosa); os quilombolas do Cumbe (Aracati); as comunidades agroecológicas de assentamentos (Trairi e Itapipoca); os camponeses do MST (Miraíma) e da Chapada do Apodi; as pescadoras artesanais (Fortim); e os agricultores e os pescadores impactados pela mineração de ferro (Quiterianopólis). Também participaram profissionais da saúde de Crato apresentando a experiência do uso de plantas medicinais na unidade de saúde.

As atividades concentraram-se na disseminação de conhecimentos e ações que impulsionam a convivência com o ecossistema. Através de oficinas e debates, os participantes exploraram estratégias para o uso consciente dos bens naturais, a preservação do meio ambiente, o fortalecimento da economia local e a defesa dos territórios tradicionais.

No encontro foram discutidos, a partir das experiências, o uso dos produtos da pesquisa-ação, como cartilhas, vídeos, coletânea de cadernos e produções acadêmicas nas unidades de saúde, escolas e associações nos territórios.

Vanira Pessoa, coordenadora de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz Ceará, explica sobre o SERPOVOS. “O SERPOVOS é um projeto que funciona desde 2020 e busca identificar práticas inovadoras de cuidado à saúde que estejam acontecendo nos territórios do Ceará, principalmente com as populações do campo, da floresta e das águas que envolvam o conjunto de povos originários indígenas, quilombolas, agricultores e agricultoras, pescadores e pescadoras artesanais, trabalhadores e trabalhadoras rurais, além dos profissionais de saúde que atuam nestes territórios na estratégia saúde da família”, comenta.

Durante o encontro foram discutidos, a partir das experiências, o uso dos produtos da pesquisa-ação, como cartilhas, vídeos, coletânea de cadernos e produções acadêmicas nas unidades de saúde, escolas e associações nos territórios.

O pesquisador da Fiocruz Ceará, Fernando Carneiro, destacou o foco da oficina e o desenvolvimento do projeto Participatório. “O objetivo desse encontro foi propor ações e produtos a partir de experiências compartilhadas e promovidas que integram o cuidado comunitário na Estratégia Saúde da Família (ESF), na Saúde Indígena e na Vigilância Popular da Saúde, incorporando as transformações territoriais, inovações tecnológicas e a participação da população no Sistema Único de Saúde (SUS). Apresentou-se para validações e sugestões uma websérie e um site que resumem as experiências em vigilância popular à saúde. O objetivo final será o lançamento de um guia sobre o tema com divulgação em breve”.

Fernando ainda ressaltou os impactos que essas populações enfrentam. “Em meio aos desafios enfrentados pelo agronegócio, mineração e contaminação do petróleo, essas comunidades em diferentes regiões têm se mobilizado para enfrentar os impactos e buscar soluções sustentáveis. Eles estão se unindo, implementando práticas inovadoras e trabalhando em parceria, e a Fiocruz Ceará tem contribuído através de pesquisas e ações para apoiar esses povos e seu protagonismo popular em defesa da vida”, completou o pesquisador.

Atividade do dia 23/6 aconteceu no Centro de Formação, Capacitação e Pesquisa Frei Humberto.

Conheça o projeto SERPOVOS

O SERPOVOS (saúde, cuidado e ecologia de saberes) é uma iniciativa que visa contribuir no fortalecimento do direito à saúde pública de qualidade com foco na ação-participativa-comunitária. Aborda saberes e experiências inovadoras de cuidado em saúde desenvolvidas nos territórios rurais, ou das populações do campo, da floresta e das águas, promovendo integração e interação entre pesquisadoras/es, comunidades, movimentos populares e trabalhadoras/es do SUS, especialmente da Estratégia Saúde da Família.

É coordenado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz Ceará) com o apoio dos Programas de Políticas Públicas e Modelos de Atenção e Gestão à Saúde da Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas (Rede PMA) e Inova Fiocruz.

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