Plano de Manejo da APA do Rio Pacoti será entregue em agosto

“Estamos buscando a melhor forma de conservar e proteger nosso território para que as próximas gerações tenham esse espaço preservado, podendo andar livremente pela floresta, essa herança que a natureza nos emprestou.” A fala de Paulo Pereira, nascido e criado às margens da Lagoa da Precabura, filho e neto de pescadores, técnico em meio ambiente e gestão ambiental, reflete às ações do Grupo de Trabalho que está atuando na construção do Plano de Manejo da Área de Preservação Ambiental (APA) do rio Pacoti.

Lideranças comunitárias, políticas e instituições de pesquisa, entre elas a Fiocruz Ceará, integram o Grupo de Trabalho que faz parte do Conselho Gestor da APA do Rio Pacoti. O grupo já realizou quatro oficinas e diversos trabalhos de campo e está na fase final da elaboração do Plano de Manejo, de responsabilidade da Secretaria do Meio Ambiente do Ceará e coordenado por uma equipe de pesquisadores da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap) e da Universidade Federal do Ceará. De acordo com o pesquisador Pedro Cunha, que integra o Programa Cientista Chefe Meio Ambiente (SEMA/Funcap/UFC), o grupo está elaborando o documento de forma coletiva, envolvendo a comunidade, por meio de uma metodologia desenvolvida pelo ICMBIO (Instituto Chico Mendes da Conservação da Biodiversidade) e adaptada ao contexto cearense pela equipe do projeto. “Estamos em fase final, concluindo o zoneamento da área e devemos fazer outras reuniões para definirmos as etapas de trabalho, com atenção as prioridades do território e da comunidade no entorno. Até agosto devemos entregar o plano pronto para o Comitê Gestor”, explica o pesquisador.

Lideranças comunitárias, políticas e pesquisadores discutem o Plano de Manejo do APA do Pacoti

As Áreas de Proteção Ambiental são áreas extensas, que permitem certo grau de ocupação humana e que visam proteger a biodiversidade, conciliando o processo de ocupação e o uso sustentável dos recursos naturais. A APA do Rio Pacoti é uma unidade de conservação de uso sustentável que abrange uma área de 2.914,93 hectares, compreendendo os municípios de Fortaleza, Eusébio e Aquiraz. O território é composto por dunas móveis e fixas, manguezais e mata de tabuleiro, abrigando diversidade de fauna, desde espécies invertebradas, répteis, aves e alguns mamíferos. Também é possível observar na zona estuarina, várias espécies aquáticas como peixes, botos, tartarugas e cavalos marinhos.

As variedades da fauna e da flora do ambiente são campos fartos para o desenvolvimento de pesquisas e trabalhos científicos. Integrar as informações é fundamental para a preservação e o uso sustentável de recursos naturais. “As variedades da fauna e da flora do ambiente são campos fartos para o desenvolvimento de pesquisas e trabalhos científicos. Integrar as informações é fundamental para a preservação e o uso sustentável de recursos naturais. “Precisamos estar perto de quem faz a gestão do território, vive e usa o território como meio de sobrevivência, para ajudá-los nessa construção e trabalhar a importância das UCs para a Saúde Planetária, pois é uma política que dialoga diretamente com o SUS, no campo da Vigilância em Saúde, Vigilância Ambiental, Vigilância dos Animais Silvestres e o planejamento em saúde”, defende a pesquisadora Angela Ostritz, responsável pela Área de Cooperação Social da Fiocruz Ceará.

O professor Jader Santos, do departamento de Geografia da UFC e coordenador do Programa de Planejamento, Criação e Implementação de Unidades de Conservação do Programa Cientista Chefe, explica que a falta de um Plano de Manejo para a APA do Pacoti, trouxe problemas sobre o uso e ocupação do solo, controle e fiscalização da área em virtude das inconsistências na criação da Unidade de Conservação (UC), que foi desenvolvida antes da criação do Sistema Nacional que regula as UC. “É uma oportunidade de adequar os objetivos, trabalhando aspectos específicos antes de entregar o documento. O Plano de Manejo é um instrumento de gestão onde constará o que pode e o que não pode ser desenvolvido em termos de atividades econômicas e turísticas, visando a conservação de recursos naturais, manutenção do ecossistema e o bem estar das pessoas que vivem e desenvolvem atividades no entorno da APA do Rio Pacoti”, finaliza.

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