Pesquisadores da Fiocruz analisam presença de coronavírus em animais silvestres em Quixadá

Após ações no município do Eusébio e na região do Maciço de Baturité, o projeto “Detecção de coronavírus em animais silvestres”, liderado por pesquisadores da Fiocruz, chega em Quixadá, cidade localizada a 170 quilômetros da capital cearense. O estudo que teve início em agosto de 2021, realiza sua quarta campanha de campo e é coordenado pelos pesquisadores da Fiocruz Ceará José Luís Passos Cordeiro e Giovanny Mazzarotto, em parceria com representantes do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), ILMD-Fiocruz de Manaus, Fiocruz de Rondônia, ICC/Fiocruz Paraná, Museu Nacional (UFRJ) e Museu de História Natural do Ceará (MHNCE/UECE).

As pesquisas foram realizadas entre os dias 1º e 10 de maio no Açude do Cedro, Fazenda Magé, Hotel Pedra dos Ventos e Fazenda Logradouro. Em campo acontece a captura de marsupiais, roedores e morcegos para coletar as amostras de swabs, órgãos e fluídos para ser analisado por técnicas de biologia molecular e microscopia ótica. “O objetivo central do projeto é identificar o Sars-CoV-2 na fauna cearense, embora atualmente já tenha sido ampliado também para a avaliação de Influenza A”, ratifica o pesquisador da Fiocruz Ceará, José Passos Cordeiro. O pesquisador acrescenta que o Laboratório de Virologia Comparada e Ambiental e de Vírus Respiratórios e Sarampo, ambos do IOC/Fiocruz, é responsável por toda a avaliação virológica do projeto. “Os exemplares coletados são depositados na coleção de mamíferos do Museu de História Natural do Ceará, com o objetivo de aumentar seu acervo e gerar conhecimento aprofundado da fauna do Ceará”.

Com o andamento dos trabalhos, o estudo foi ampliado para detectar a ocorrência de outros patógenos, organismos capazes de causar doença em um hospedeiro. A equipe da Fiocruz de Manaus é responsável pela avaliação de tripanosomatídeos das amostras dos animais coletados, além de avaliar a presença de vetores de leishmaniose no ambiente. Já a Fiocruz de Rondônia é responsável pela coleta de carrapatos nos animais e nas bordas de floresta, com objetivo de investigar a presença de agentes infecciosos responsáveis por diferentes doenças.

Além da detecção dessas zoonoses, o projeto auxilia ainda no conhecimento da biodiversidade do estado do Ceará, principalmente em relação aos morcegos, visto que o número de espécies mundialmente chega a mais de 1.400 e só aumenta graças a estudos como este. “Os resultados que já temos são incríveis. Este trabalho também é uma grande oportunidade para ajudar na conservação das espécies no estado do Ceará”, ratifica a bióloga Nádia Cavalcante, bolsista da Fiocruz Ceará e do MHNCE/UECE.

O projeto segue a premissa de abordagem na perspectiva One Health (Saúde Única). “Como resultado desse modo de trabalho, um dos maiores legados do projeto é a criação da rede de colaboração criada para o eixo Norte-Nordeste, capaz de beneficiar os estudos de saúde pública humana, animal e do ambiente no estado do Ceará, como, e principalmente, na vigilância em saúde”, afirma o coordenador do projeto, José Luis Cordeiro.

Marcione Oliveira, colaboradora do projeto e especialista em morcegos, também reforça a importância das pesquisas de campo. “A cada campanha registramos novas ocorrências de morcegos para as localidades, e assim agregamos mais informação sobre esta parcela muito importante para o desejado equilíbrio ecológico dos ecossistemas, da qual somos todos dependentes”, ratifica.

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