Meninas e Mulheres na Ciência: Intercâmbio entre Ceará e Piauí fortalece olhar ampliado sobre a Ciência

Ciência, Diversidade e Inclusão: Meninas e mulheres em transformação foi o tema da atividade integrada ao Encontro Meninas e Mulheres na Ciência realizada pela Fiocruz Ceará e Piauí. O evento fez parte do calendário de ações em alusão ao Dia Internacional Meninas e Mulheres na Ciência, comemorado em 11 de fevereiro e instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) para promover a equidade de gênero na área científica.

Na Fiocruz Rio de Janeiro, durante a semana de 06 a 10 de fevereiro, cem meninas integrantes do projeto visitaram a sede e os laboratórios, assim como nas diversas unidades da Fiocruz em todo o país foram realizadas atividades para marcar a data. Na Fiocruz Ceará, o encontro teve uma programação especial realizada nos dias 08 e 09 de fevereiro.

Segundo a coordenadora do projeto Meninas e Mulheres na Ciência pela Fiocruz Ceará, Luciana Lindenmeyer, as atividades desta semana coroaram uma construção iniciada em 2022 com a integração de ações em escolas do Ceará e Piauí, em um intercâmbio de conhecimentos. “Exploramos outras possibilidades de Ciência, estivemos na Sabiaguaba conhecendo a rotina dos pescadores, trabalhamos práticas integrativas de saúde, terapia holística. A gente ressalta a importância de seguir na defesa da equidade de gênero não só na Ciência, mas em todos os espaços que a gente precisa ocupar na sociedade”, afirmou.

A pesquisadora Liana Ibiapina, da Fiocruz Piauí, informou que a instituição trabalha o projeto em séries iniciais. “Ontem nós fizemos na Escola Municipal J. Vieira atividades com o ensino fundamental e as alunas que participaram do intercâmbio. É o despertar para a Ciência”, disse acrescentando que as pesquisadoras populares do projeto Vigilância Popular Ambiental e Feminina também participaram.

Liana ressalta a acolhida na Fiocruz Ceará e, em nome da coordenadora da instituição no Piauí, Jacenir Mallet, defende uma segunda edição do evento agora naquele estado, dando continuidade ao intercâmbio. “É uma emoção muito grande, foram dias encantadores. Isso reforça a importância desse projeto para que aconteça uma segunda edição. Através das falas das alunas é que se vai mostrar que realmente vale a pena acontecer. Mesmo morando no interior é possível chegar aonde quiser. Isso é o que inspira a gente a trabalhar, agregar, inserir e ter motivação”.

A estudante de Química do Instituto Federal do Ceará (IFCE), Eduarda Cadete, falou da experiência de participar do projeto em conjunto com as meninas do Piauí. “De março a setembro tinha visitação na Fiocruz, passeios, aí chegou o intercâmbio. Nós conhecemos as meninas da Fiocruz Piauí, foi um momento de união, uma experiência ótima e tenho certeza de que esse projeto vai ser um passo gigante para outras meninas querendo seguir carreira na Ciência, como foi para mim. Agora eu já sei o que quero cursar na faculdade. Eu sou muito grata às madrinhas pela oportunidade”, afirmou a estudante, lembrando que as madrinhas abriram espaço para que as meninas conhecessem também outras áreas.

A pesquisadora Popular Naiane Sousa disse que a oportunidade de vir ao Ceará possibilitou que ela realizasse o sonho de ver o mar pela primeira vez. “Conhecemos Sabiaguaba, os territórios das marisqueiras, os pescadores, também o Museu da Imagem e do Som. Fiquei maravilhada com tanta belezura, tanta ciência. Foi muito conhecimento ver coisas que eu nem imaginava que existia”, contou emocionada.

A pesquisadora Elaine Nascimento, da Fiocruz Piauí, ressalta que há diferentes formas de se fazer Ciência, e o projeto fortalece essas possibilidades. “Pela primeira vez mulheres do interior, de quase 50 anos, viram o mar. E com toda a sua sabedoria ancestral cuidaram sozinhas dos seus filhos, trazendo respostas científicas para a nossa sociedade. Esse campo chamado universidade é apenas um desses muitos tipos de ciência. O ato de olhar para a realidade e construir reflexões sobre ela, fazer ciência é muito além de estar numa bancada de laboratório, mas sobretudo é estimular o sonho e estar junto na concretização de milhares de outros sonhos”, ensinou.

Para a pesquisadora, é imprescindível estar atenta e abrir espaços para o potencial feminino, que existe e sempre existiu, mas precisa ter garantia de futuro. “É muito bacana reconhecer que hoje estou aqui porque antes de mim vieram muitas de nós. E precisamos garantir que outras mulheres cheguem nesse lugar. Nós, o mundo, precisamos delas para que haja uma sociedade mais saudável, possibilidades de futuro. Precisamos construir maneiras de conquistar o espaço para essas meninas. Venha se aquilombar com a gente. Venha fazer ciência. Venha já”.

Luciana Lindenmeyer concordou que a experiência desse projeto precisa ser ampliada e fortalecida. “Todas as madrinhas reunidas falaram das experiências em vários estados do Brasil e concordamos que precisa, sim, dar continuidade, recursos e ampliar porque a gente quer atingir muito mais meninas, alcançar outras escolas. Não é simples fazer um intercâmbio, mas precisamos desse olhar, de que projetos diferentes também precisam de investimentos”.

As organizadoras fizeram um agradecimento especial às intérpretes de Libras Simone e Patrícia e ao Canal Vídeo Saúde, que fez a transmissão no Youtube.

Assista no Canal Vídeo Saúde

Por: Sheila Raquel;

Edição: Carolina Campos.

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