Fiocruz Ceará sedia 1º Simpósio da Rede Genômica da Fiocruz

O encontro contou com sessões na forma de oficinas de apresentações e discussões, envolvendo pesquisadores e coordenadores da Rede de todas as unidades e escritórios técnicos da Fiocruz.

A Fiocruz Ceará sediou, nos dias 8, 9 e 10 de março, o 1º Simpósio da Rede Genômica da Fiocruz. O evento foi coordenado pela Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB/Fiocruz), pelo Laboratório de Referência Nacional da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS), pelo Laboratório de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais (LVRE) e pelo Laboratório Analítico de Competências Moleculares e Epidemiológicas (ACME) da Fiocruz Ceará. O dia de abertura do evento contou com a participação de representantes do Ministério da Saúde, do Governo do Estado do Ceará (incluindo a Secretaria de Estado da Saúde e as secretarias municipais de Saúde dos municípios de Fortaleza, Eusébio e Aquiraz), de reitorias de universidades, de direções de faculdades e de hospitais, além de representantes de agências de pesquisa e de fomento nacionais e internacionais que tem apoiado a Rede Genômica da Fiocruz.

A ministra da Saúde, Nísia Trindade Lima, participou do encontro de forma virtual e ressaltou a importância da Fiocruz no enfretamento da pandemia da Covid-19. Segundo a ministra e ex-presidente da Fundação, o cenário global de crise demandou forte incremento na vigilância genômica e a Fiocruz foi protagonista neste período. “Fortalecemos uma rede de integração com outras instituições e nosso objetivo é continuar fomentando essas parcerias. Acompanhei, enquanto presidente da Fiocruz, as iniciativas para a criação da Rede Genômica e agora, enquanto ministra da Saúde, daremos encaminhamentos para a prevenção de possíveis novas pandemias. O fruto dessa cooperação estreita entre a Fiocruz, a Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVS), os Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacens) e outras instituições parceiras tem sido imprescindível, constituindo um legado da pandemia para o Brasil. Essa ação conjunta precisa ser continuamente fomentada, por ser parte fundamental da inteligência em vigilância que, inclusive, já vem sendo ampliada para o monitoramento genômico de outros patógenos de importância em Saúde Pública, essencial no contexto da saúde nacional e global”.

Mário Moreira, presidente em exercício da Fiocruz, também destacou o papel fundamental da instituição neste período. “A pandemia expôs, de forma aguda, a vigilância em saúde pública no Brasil e no mundo. Contribuímos com ações emergenciais de forma a organizar e fortalecer esta rede de apoio a laboratórios e sistemas. Exercemos importante papel no diagnóstico e realização de testes”, aponta. “Após a consolidação da nossa base científica e tecnológica, a vigilância genômica já não é mais um desafio para nós. Agora queremos discutir seu papel na atualidade e a sustentabilidade da Rede”, ponderou Moreira, que também levantou questões relevantes a serem discutidas, como o compartilhamento dos dados e a integração dos sistemas de saúde para a tomada de decisões. “Continuamos firmes com o compromisso de reafirmar o papel da Fiocruz de fortalecer e consolidar o Sistema Único de Saúde [SUS] e contribuir para a promoção da saúde e da qualidade de vida da população”.

O vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fiocruz, Rodrigo Correa-Oliveira, destacou a importância deste primeiro simpósio. “Reunir esse grupo com integrantes de várias unidades da Fiocruz mostra o comprometimento da instituição com a situação da vigilância no Brasil. O trabalho que foi iniciado com Sars-CoV-2 agora está fortalecido, possibilitando apoios nacionais e internacionais que podem ser ampliados atendendo às demandas do Ministério da Saúde”.

Para a pesquisadora da Fiocruz Marilda Siqueira, é essencial firmar a Rede de Vigilância como referência para a América Latina e no cenário global. Como uma fundação pública para a pesquisa de destaque no cenário latino-americano, a Fiocruz tem um papel de protagonista no continente, tanto em termos do apoio à vigilância quanto no treinamento de novos profissionais. “Este primeiro encontro presencial de representantes de diferentes Unidades de sequenciamento e pesquisa permite que novas ideias e frentes de atuação sejam discutidas, para que a Rede atue cada vez mais na produção não apenas de genomas sequenciados, mas de ciência criativa e de qualidade. A Rede se destaca e congrega pesquisadores de diferentes áreas de conhecimento com bioinformatas, biologistas moleculares, imunologistas, epidemiologistas, gestores e pesquisadores que fazem estudo de modelagem e isso torna a rede dinâmica, com dados robustos que auxiliam em ações para o controle de doenças no país”, afirmou.

O plano estratégico da Rede Genômica prevê a elaboração de documentos, revisão de atuais protocolos e procedimentos e dinamização de linhas de pesquisa, além de treinamento e capacitação de pessoal.

A coordenadora do escritório técnico da Fiocruz Ceará, Carla Celedônio, saudou os participantes e parabenizou pela iniciativa do encontro. “É um prazer receber profissionais tão comprometidos com a saúde pública que tiveram papel importantíssimo no enfrentamento da pandemia”, enalteceu.

Representando o Governo do Estado do Ceará, o deputado federal Arthur Bruno destacou a histórica parceria com a Fiocruz Ceará, desde sua concepção, e enalteceu a participação da instituição colaborando no enfrentamento da pandemia. “Vamos continuar juntos, pensando, discutindo e planejando novas ações para o Ceará e para o Brasil”.

Nos dias subsequentes ao evento de abertura, o encontro contou com sessões na forma de oficinas de apresentações e discussões, envolvendo pesquisadores e coordenadores da Rede de todas as unidades e escritórios técnicos da Fiocruz. Foi abordado temas variados, como a concepção e operacionalização da Rede Genômica Fiocruz, as ações exitosas de monitoramento de evolução viral e resposta no enfrentamento da pandemia, até as inovações tecnológicas implementadas para a Covid-19 e outros agravos emergentes. O evento contou com a participação de representantes de agências financiadores externos e de cooperação internacional, com destaque para ações do CDC Brasil, da Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica), Opas e do Instituto Todos pela Saúde (ITpS).

Como síntese das atividades realizadas durante o período, o vice-presidente Rodrigo Correa-Oliveira fez um balanço extremamente positivo: “Foi um consenso de nossas equipes de que este Simpósio representou um marco para consolidação da Rede Genômica e para o estabelecimento de uma agenda de vanguarda. É indiscutível a importância estratégica da Rede Genômica na saúde pública como um dos principais pilares estabelecidos durante a pandemia, e um dos legados da Fiocruz para os contínuos esforços para um programa eficiente de vigilância ativa de patógenos emergentes, reemergentes e também negligenciados”.

O anfitrião e membro do comitê organizador do evento, o especialista Fabio Miyajima ressalta a importância de a Rede Genômica ser multicêntrica e da capacidade de seus pesquisadores de desenvolver soluções tecnológicas de resposta rápida para aplicações imediatas no enfrentamento da pandemia. “Somos um grupos de profissionais em áreas interdisciplinares que trabalhamos proativamente com muito companheirismo, visando o bem comum e da sociedade, juntos possibilitamos o desenvolvimento de um painel dashboard interativo com dados computados de linhagens filogenéticas; ensaios de resposta rápida para inferência de variantes de preocupação (VOCs), estratégias de vigilância de fronteira, avanços em metodologias baseadas em metagenômica direcionada, além de uma plataforma integrada de bioinformática (ViralFlow) voltada para análises genômicas de patógenos emergentes e de um assistente laboratorial inteligente (Helper) para automação e conferência eletrônica de resultados diagnósticos de rt-PCR os quais foram desenvolvidos pelos nossos próprios pesquisadores e que estão sendo disponibilizados para diversos laboratórios de referência em diversos estados. Também viabilizamos fluxos inovadores pré-analíticos e pós-analíticos para diagnóstico molecular a partir de utilização de amostras de saliva e a realização de sequenciamento genômico por meio de testes rápidos de antígeno para a Covid-19”.

Membro do comitê organizador local, a pesquisadora Alice Di Sabatino Guimarães ressalta que a Rede Genômica também está realizando entregas na área de ensino e transferência de conhecimentos: “Desenvolvemos um curso EAD de autoaprendizado inédito na área de vigilância genômica, totalmente gratuito, e que está sendo lançado pela plataforma da UnaSUS, com o apoio da Abrasco e ITpS. O curso possui material original contextualizado, ilustrando problemas de situações reais para o aprendizado ativo e que é dedicado à capacitação de técnicos e profissionais de saúde no campo de vigilância laboratorial e epidemiológica”.

O Simpósio permitiu que novas ideias e abordagens científicas fossem discutidas para inclusão no plano estratégico futuro da Rede Genômica que prevê também a elaboração de documentos, revisão de atuais protocolos e procedimentos e dinamização de linhas de pesquisa, além de treinamento e capacitação de pessoal. A nova agenda prevê novos encontros e reuniões periódicas como este realizado, um próximo Simpósio da Rede está previsto para o segundo semestre deste ano, no Rio de Janeiro.

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