Fiocruz Ceará sedia 1º Encontro Internacional de Saúde Digital e destaca inovações na área
Entre os dias 4 e 6 de dezembro, a Fiocruz Ceará sediou o 1º Encontro Internacional de Saúde Digital, organizado pelo Laboratório de Redes Integradas e Inteligentes de Saúde (LARIISA), grupo de pesquisa credenciado pela FIOCRUZ Ceará junto ao CNPq, tendo sido coordenado pelos pesquisadores Ivana Barreto, Odorico Monteiro, Adriana Bacello e Elaine Andrade. O evento teve como principal objetivo promover uma discussão crítica sobre o papel da saúde digital no Sistema Único de Saúde (SUS) e no ecossistema de saúde internacional. Além disso, buscou mapear e divulgar produções científicas, compartilhar experiências inovadoras em serviços de saúde e empreendedorismo, integrar diferentes áreas de pesquisa e construir redes de inovação em saúde digital.
Durante a abertura, a Dra. Ivana Barreto enfatizou a relevância do encontro ao afirmar: “Este evento é fruto de um esforço colaborativo, refletindo o compromisso de diversas instituições que acreditam no poder da ciência e da tecnologia como ferramentas de equidade e melhoria da saúde. Durante esses três dias, teremos a oportunidade de debater temas fundamentais como políticas interfederativas e interinstitucionais em saúde digital, bem como os desafios e avanços para a consolidação desse campo. Nosso objetivo é construir pontes entre a academia, os serviços de saúde e o setor produtivo, promovendo um diálogo amplo e integrador.”
A cerimônia de abertura contou com representantes de diversas instituições, incluindo Carla Celedonio, coordenadora geral da Fiocruz Ceará, que esteve remotamente conectada; Dr. Luiz Otávio Sobreira Rocha, da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará; Maria do Carmo Xavier de Queiroz, do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Estado do Ceará (COSEMS-CE); e o professor Fábio Alencar, representante da Reitoria do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará. (IFCE). Estiveram presentes ainda a professora Diana Cristina, vice-reitora da Universidade Federal do Ceará (UFC); Dr. Luciano Pamplona, superintendente da Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP/CE); Dr. Raimundo Costa Filho, presidente da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP); Dra. Sandra Monteiro, secretária de Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Estado do Ceará; e Dr. Odorico Monteiro, coordenador do LARIISA.
A programação incluiu diversas mesas redondas e conferências. Uma das principais mesas tratou sobre “Políticas Interfederativas e Interinstitucionais em Saúde Digital”, moderada pelo Dr. Odorico Monteiro, que contou com apresentações do Dr. Luiz Otávio Sobreira sobre “Saúde Digital no Estado do Ceará”; Felipe Ferré, do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), com o tema “Transformação na Saúde Digital do Brasil”; e Rogério Rodrigues, do COSEMS-CE, que abordou “Política Nacional de Saúde Digital: Desafios e Avanços nos Municípios Brasileiros”.
Entre as conferências de destaque, estiveram “A Pesquisa e os Desafios da Saúde Digital”, com a Profa. Dra. Claudia Pernencar, da Universidade Nova de Lisboa e diretora eleita da Escola Superior de Artes e Design do Politécnico de Leiria; “Saúde Digital: O Desafio da Construção de um Campo de Conhecimentos e Práticas”, apresentado por Naomar de Almeida Filho; e “Experiências e Iniciativas do Laboratório de Transformação Digital da Saúde”, por DavIIlyn Santos dos Anjos.
Uma mesa sobre educação na saúde digital também foi realizada, contando com a participação de Dra. Silvia Bonfim, da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará; Dr. Luiz Roberto de Oliveira, da Universidade Federal do Ceará; Dra. Raquel Adjafre, presidente do Conselho Regional de Nutrição; Dra. Débora Bittencourt, da Fiocruz Bahia; e Vinícius Oliveira, do Campo Virtual da Fiocruz, que participou de forma online.
Outro destaque foi a mesa internacional que abordou experiências globais em saúde digital, moderada pela Dra. Ivana Barreto. Participaram o Dr. Paulo Gadelha, coordenador da Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030; Dra. Ana Estella Haddad, secretária de Informação e Saúde Digital no Ministério da Saúde; Dr. Jian Wang, da Universidade de Wuhan, China; Profa. Dra. Claudia Pernencar; e DavIIlyn dos Anjos. Durante sua participação, a Dra. Ana Estella Haddad destacou a necessidade de alinhamento estratégico: “Quando pensamos em saúde digital e transformação digital, pensamos no modelo do nosso sistema, nos princípios e diretrizes do SUS. Nosso trabalho é construir um marco conceitual adaptado ao contexto do sul global, promovendo ações concretas como o SUS Digital e a ampliação de programas de formação na área.”
A Profa. Dra. Claudia Pernencar também compartilhou sua visão sobre o evento e os desafios da saúde pública: “Tenho desenvolvido pesquisa e investigação na área da saúde digital, nomeadamente para a saúde pública no Brasil, e este evento traz exatamente muito dessa experiência que temos tido ao longo dos últimos cinco anos de colaboração, nomeadamente com a atenção básica da saúde. Este evento reúne, para além de investigadores na área da saúde pública, também na área da saúde digital, com foco em particular aqui no Brasil, no Canadá e na China. O objetivo principal é o intercâmbio do conhecimento relativamente aos sistemas únicos de saúde, para se tentar perceber como é que podemos aprender uns com os outros”, frisou.
O Dr. Paulo Gadelha reforçou a importância do evento ao dizer: “Este encontro é um marco, pois aborda um tema central para o mundo contemporâneo: a transição digital no sistema de saúde. É também uma oportunidade para fortalecer o protagonismo da Fiocruz Ceará em uma área estratégica para o futuro da saúde global.”
Já o Dr. Jian Wang trouxe um relato detalhado de sua experiência e impressões: “Participar deste evento foi uma oportunidade única de aprendizado e troca de conhecimentos. Apesar de ter enfrentado mais de 30 horas de viagem da China ao Brasil, cada momento aqui foi extremamente valioso. Durante esses três dias, pude compartilhar a experiência chinesa em saúde digital, especialmente em cuidados primários, e aprender sobre as inovações brasileiras, que têm muito a oferecer ao mundo. Além disso, fiquei impressionado com a hospitalidade brasileira e a riqueza cultural de Fortaleza. Espero que essa parceria entre Brasil e China continue a crescer, trazendo avanços significativos para a saúde digital global. Acredito firmemente que essa troca de ideias e práticas fortalecerá nossas capacidades de atender às necessidades de saúde das populações, tanto nas áreas urbanas quanto nas mais remotas.”
O Dr. Naomar Filho destacou o papel fundamental do evento ao afirmar: “Este encontro é um marco importante para a consolidação da saúde digital como campo. Discutimos questões conceituais essenciais, como o uso de prontuários digitais, telessaúde e o papel das grandes bases de dados, ou megadados, que estão transformando o setor. A saúde digital representa a integração de tecnologias avançadas como inteligência artificial em práticas de saúde, promovendo eficiência e inovação. Precisamos tratar esse tema com rigor conceitual para evitar confusões terminológicas e assegurar sua aplicação estratégica, baseada em contribuições de importantes pensadores brasileiros e internacionais.”
DavIIlyn dos Anjos também destacou as possibilidades de colaboração internacional: “Essa troca de experiências tem sido extremamente enriquecedora, principalmente no que diz respeito ao que estamos desenvolvendo no Canadá nesse tópico tão importante de avanço na saúde e na prestação de assistência de qualidade. Durante três dias muito intensos, tivemos a oportunidade de compartilhar e aprender com o grupo de Portugal, da China e, claro, do Brasil. A grande conclusão, ou melhor, o grande marco dessas nossas conversas, foi reconhecer a qualidade e o avanço que o Brasil alcançou no desenvolvimento da política de saúde digital, especialmente na formação e capacitação de profissionais. Além disso, estabelecemos grandes parcerias e traçamos projetos futuros que visam colaborar a partir das experiências e vivências únicas de cada país, trazendo, por meio dessa cooperação institucional, perspectivas de como podemos desenvolver tecnologias nacionais com impactos específicos que atendam às necessidades de cada população.”
O evento também marcou o lançamento do livro “Saúde Digital: Conceitos, Pesquisas e Desenvolvimento Tecnológico”, uma obra que reflete um esforço coletivo para mapear e consolidar os avanços na área de saúde digital. Organizado por membros do LARIISA, o livro reúne 14 capítulos escritos por 53 autores, incluindo pesquisadores, profissionais de saúde e especialistas em tecnologia. Os textos abordam temas fundamentais como os desafios da implementação de tecnologias em saúde pública, as melhores práticas para integração digital nos serviços de saúde e o impacto das políticas públicas no desenvolvimento da saúde digital. Além disso, a obra apresenta estudos de caso, análises críticas e propostas de soluções inovadoras que buscam fortalecer os sistemas de saúde, promovendo acesso equitativo e melhoria na qualidade do atendimento. O livro é uma referência essencial para pesquisadores, gestores e profissionais interessados em compreender e contribuir para a transformação digital na saúde.
Com mais de 70 trabalhos apresentados, o encontro foi uma plataforma para soluções inovadoras e empreendedoras. O Dr. Odorico Monteiro ressaltou a dimensão transformadora da saúde digital: “Estamos vivendo uma revolução no sistema de saúde, que está migrando do modelo industrial para a era da informação. Esse processo não é apenas tecnológico, mas também social, pois a saúde digital tem o potencial de promover equidade, garantindo que populações marginalizadas tenham acesso aos cuidados de saúde. Além disso, a digitalização é fundamental para integrar os diversos níveis do sistema de saúde, permitindo maior eficiência e personalização no atendimento. A saúde digital será o grande vetor de inclusão, garantindo acesso e qualidade de vida para milhões de pessoas em regiões remotas e desassistidas, enquanto constrói um futuro mais sustentável para os sistemas de saúde.”
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