Doutorando da Fiocruz Ceará expõe pesquisa em Congresso Brasileiro de Fisioterapia Neurofuncional

A equipe apresentou um software aplicado à realidade virtual para pacientes em reabilitação pós Acidente Vascular Cerebral (AVC).

O doutorando em Ciências/Biotecnologia e Saúde da Fiocruz Ceará, Cássio Pinheiro, participou do Congresso Brasileiro de Fisioterapia Neurofuncional (COBRAFIN). A convite do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 6ª Região (CREFITO – 6), o aconteceu dos dias 6 a 9 de setembro, em Fortaleza, e reuniu os maiores especialistas nacionais e internacionais da Fisioterapia Neurofuncional. Foram realizadas exposições, palestras, mesas temáticas e oficinas, a fim de promover discussões sobre neurofuncionalidade nos ciclos da vida sob as óticas profissional, paciente e família.

Cássio expôs o projeto de doutorado, vinculado à turma especial de doutorado, apoiado pela Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP), com orientação do Dr. Marcos Lourenzoni e vinculado ao Grupo de Pesquisa no CNPq – Grupo de Engenharia de Proteínas e Soluções para Saúde (GEPeSS). Em sua pesquisa, apresentou um software aplicado à realidade virtual para pacientes em reabilitação pós Acidente Vascular Cerebral (AVC), chamado de Rehabilitate VR. “Nosso objetivo é aumentar a neuroplasticidade do paciente e ser mais efetivo no processo de neuroreabilitação. A proposta é utilizar realidade virtual como alternativa à terapia por espelho, proporcionando assim maior imersão do paciente. A técnica potencializa a percepção do cérebro da existência de um membro sadio no lugar do parético”, afirma o doutorando.

Júlio Carlos Peles, conselheiro efetivo do CREFITO 11, que reúne profissionais de Brasília e Goiás, enalteceu a pesquisa. “Tinha pensado em explorar o ambiente virtual em ambulatório, porém no SUS. Minha proposta era iniciar com os games e, posteriormente evoluir para plataformas mais acessíveis, mas vocês já estavam muito além disso. Uma plataforma customizada, onde poderíamos interferir sem ser visto pelo paciente e gerar mais estímulos para plasticidade cerebral com o grande diferencial de ser acessível ao SUS”. Segundo o assessor de relações Institucionais do CREFITO 11, a aplicabilidade, quase infinita, pode ser um fator de desoneração para a instalação do produto no SUS e propôs firmar parceria. “Esperamos ajudar e compartilhar o desenvolvimento das pesquisas em hospital de referência em reabilitação em Brasília”, considera Peles.

Sobre o projeto

Orientado por um profissional de saúde, o paciente, utilizando óculos de Realidade Virtual (RV), poderá simular atividades de cotidiano nos cenários virtuais, enquanto sensores captam os movimentos das palmas das mãos e dos 10 dedos do paciente. Esses dados servirão como base para avaliar e acompanhar a evolução do tratamento nos aspectos de melhoria da circulação, lubrificação das articulações e manutenção da flexibilidade.

Segundo Cássio, a imersão total proporcionada pelos óculos de RV, amplia a neuroplasticidade e apresenta resultados mais positivos com a relação à terapia por espelho tradicional, reduzindo tempo de reabilitação do paciente e, portanto, custos. “Através de uma ferramenta de Business Intelligence (BI), desenvolvida usando a base de dados gerada pelos sensores, será possível quantificar com precisão informações de espacidade, velocidade dos movimentos, angulação dos membros e precisões das ações durante o período de tratamento, beneficiando a qualidade da reabilitação”, ratifica. 

A validação do produto desenvolvido pelos pesquisadores da Fiocruz Ceará está sendo realizada no Hospital Geral de Fortaleza (HGF), que conta com uma Unidade de Acidente Vascular Cerebral (U-AVC) considerada uma das maiores e mais renomadas do país na área, atendendo mais de 1900 casos por ano e com supervisão geral do Dr. Fabrício Oliveira. “O produto será testado em mais de 100 pacientes e validado clinicamente”. A equipe de validação é multiprofissional, com profissionais de Tecnologia, Psicologia e Fisioterapia, formado por professores e acadêmicos da Estácio do Ceará e Unifametro.

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