Ceará e Piauí debatem a Política de Equidade Étnico-Racial e de Gênero da Fiocruz

A Fiocruz Ceará e a Fiocruz Piauí se uniram, nesta quarta-feira (10/08), para juntas debaterem a Política de Equidade Étnico-Racial e de Gênero da Fundação.  Durante todo o mês de agosto, integrantes do Comitê de Pró-Equidade da Fiocruz promoverão encontros em suas respectivas unidades para envolver a comunidade nos debates e desafios do enfrentamento às desigualdades relacionadas ao tema.

A Consulta Interna contou com a participação de Bruno Vantine (Bio-Manguinhos/Fiocruz) e Hilda Gomes (COC/Fiocruz), representantes do Comitê Pró-Equidade. Hilda apresentou as iniciativas dos grupos de trabalho do Comitê, como as ações afirmativas de educação, a criação de disciplina com foco nas relações étnico-raciais e de gênero, transversal aos Programas de Pós-Graduação da Fiocruz e a própria elaboração da política de equidade da instituição. “Nesse momento, estamos dedicades a trabalhar na política interna pois entendemos que precisamos publicá-la ainda este ano. Nosso trabalho é político e institucional e muitos estão dedicades para além das suas cargas horárias por entender a importância desses avanços. Gostaria de lembrar que os grupos de trabalho são abertos a todes da comunidade que quiserem participar e somar”, destacou Hilda.

Em seguida, a analista de gestão em saúde da Fiocruz Ceará e integrante do Comitê Pró-equidade, Luciana Lindenmeyer apresentou os avanços da unidade. Ela destacou a chegada da enfermeira Luciana Aleluia como fundamental para o fortalecimento das ações pró-equidade no campus do Ceará e a criação do Grupo de Trabalho, previsto para realizar sua primeira reunião em setembro, com diálogos e atividades efetivas que modifiquem comportamentos machistas, racistas e outras formas de opressão, como a LGBTQIA+fobia. “A política é um passo importante, mas a gente precisa das estratégias sendo realizadas e por isso é importante o envolvimento de toda a comunidade no debate”, ressaltou Luciana.

Outra iniciativa de destaque foi a implantação da banca de heteroidentificação para a seleção pública do Mestrado Profissional em Saúde da Família do ProfSaúde. Também foram realizadas duas oficinas sobre assédio sexual, uma destinada para as mulheres e outra exclusiva para homens visando combater brincadeiras ou insinuações constrangedoras e de cunho sexual; e o novembro negro, evento realizado em 2021 para exaltar a cultura e a dança africanas.

Entre os desafios da Fiocruz Ceará, Luciana Lindenmeyer citou a sensibilização para que os editais cumpram integralmente a portaria nos Programas de Pós-Graduação; a formalização dos grupos de trabalho, a criação de um calendário de ações pró-equidade e iniciativas da gestão que possibilitem ações afirmativas no ingresso de recursos humanos.

Em seguida, a pesquisadora Elaine Nascimento, coordenadora-adjunta da Fiocruz Piauí apresentou os avanços e desafios do escritório. Ela destacou a inclusão de duas mulheres do Piauí no Comitê Pró-equidade e a inclusão de uma servidora na banca de heteroidentificação do IOC, para adquirir experiência, mas sobretudo para contribuir com o movimento antirracismo no Programa de Pós-Graduação de Medicina Tropical. Elaine também ressaltou a contratação de duas mulheres negras e trans no escritório do Piauí. “Acho importante destacar esses elementos institucionais pois eles trazem um pouco da dimensão da importância de termos um comitê Pró-Equidade de Raça e Gênero, mas é uma ação que não deveria partir de mim que sou uma mulher negra, por isso vejo o letramento racial como um dos grandes desafios”, comentou a pesquisadora.

Outro convidado do debate, Bruno Vantine (Bio-Manguinhos/Fiocruz), também integrante do Comitê Pró-Equidade, apresentou todo o processo de elaboração da Política Étnico-Racial da Fiocruz. O documento iniciou com a elaboração da minuta, e em seguida foi apreciado por especialistas nos temas tratados. Atualmente, a Política está sendo debatida internamente com os colaboradores das unidades, depois ela passará por uma consulta pública onde qualquer cidadão poderá contribuir com melhorias. O último passo é a aprovação do documento no CD Fiocruz, antes do lançamento e divulgação do documento final. “Eu preciso chamar a atenção para as pessoas que acham que não estão representadas nesse documento. É importante que essas pessoas leiam a política, entendam seus privilégios, entendam por que elas não precisam de uma política específica e como elas se inserem nessa discussão. Pessoas brancas, cis, homens, têm compromisso e responsabilidade de corrigir as desigualdades que a beneficiam e usar seus privilégios para que as políticas avancem”, lembra Bruno.

A Política de Equidade Étnico-Racial e de Gênero está alinhada com o relatório final do IX Congresso Interno, órgão de maior representação da Fiocruz. A tese 6 do documento defende a transversalidade das pautas de enfrentamento às desigualdades e equidade nas demais teses. O documento está disponível na intranet da Fiocruz e deve ser lido por toda a comunidade. Quem tiver interesse em contribuir com o texto da Politica, deve preencher o formulário, identificar o eixo que desejar colaborar e enviar a sugestão até o final de agosto. Os integrantes do Comitê irão organizar as informações na plataforma do Comitê antes de seguir para a próxima fase.

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