Pesquisadores analisam presença de coronavírus em animais silvestres no Maciço de Baturité

Pesquisadores da Fiocruz Ceará e da Fiocruz Manaus, em parceria com pesquisadores e voluntários das Universidades Estadual (Uece) e Federal do Ceará (UFC), Museu Nacional e do Museu de História Natural do Ceará, investigam a presença do SARS-Cov-2 (vírus causador da Covid-19), assim como outros vírus da família do coronavírus, em animais silvestres no município de Pacoti, no Maciço do Baturité.

Esta já é a segunda etapa da pesquisa “Detecção de coronavírus em animais silvestres” coordenada pelo pesquisador da Fiocruz Ceará José Luis Passos Cordeiro. A captura dos animais foi realizada inicialmente no campus da Fiocruz Ceará, às margens da Lagoa da Precabura, no município do Eusébio. As análises preliminares realizadas em morcegos da região não detectaram a presença do SARS-Cov-2 nos animais analisados. Entretanto, foi detectado outro tipo de coronavírus, que apesar de não ter relação como a COVID-19, reforça a importância da vigilância em animais silvestres e no ambiente. Em Pacoti, os pesquisadores ampliaram o estudo para analisar a presença do coronavírus também em pequenos mamíferos terrestres como roedores e marsupiais.

Assim como na primeira etapa do projeto, as amostras coletadas em Pacoti serão analisadas pelos laboratórios do Instituto Oswaldo Cruz (Laboratório de Virologia Comparada e Ambiental, LVCA e Laboratório de Vírus Respiratório e Sarampo, LVRS – IOC/Fiocruz) no Rio de Janeiro. Já o estudo da Fiocruz Manaus inclui a captura do inseto hematófago, flebotomíneo, transmissor da leishmaniose, uma doença infecciosa não contagiosa, causada pelo protozoário do gênero Leishmania, endêmica no Maciço de Baturité.

Durante o dia, os pesquisadores instalam redes de captura em locais estratégicos de alta circulação de morcegos. Armadilhas terrestres também são distribuídas para a captura dos roedores e marsupiais na mata. À noite, o grupo parte para o trabalho de campo que entra a madrugada. A cada hora, eles se revezam para recolher os morcegos nas redes. Já os roedores são recolhidos no dia seguinte. O trabalho de campo acontece por dez dias e segue até a próxima segunda-feira (21/03).

No laboratório instalado na sede do Museu de História Natural do Ceará, em Pacoti, os especialistas fazem a análise morfológica dos animais, identificando as espécies capturadas e coletando amostras de sangue e de swab, para a identificação do SARS-CoV-2 e de outros tipos de vírus e bactérias. Os órgãos dos animais também são analisados, como intestino (investigação de coronavírus e bactérias); baço (investigação de leishmaniose) e pulmões (corona).

Além de mapear e entender a circulação viral e a dinâmica das doenças causadas pelo SARS-CoV-2, a captura dos animais vai ajudar outros cientistas em pesquisas futuras. Isso porque as características das espécies são catalogadas e os animais depositados na Coleção do Museu de História Natural do Ceará. Esse trabalho é realizado em parceria com o Laboratório de Conservação de Vertebrados da Uece (Converte).

O projeto conta com a participação dos pesquisadores Giovanny Mazzarotto (Fiocruz CE), Cláudia Rios e Felipe Arley Costa (Fiocruz Manaus), Marcione Oliveira e Aldo Caccavo (Museu Nacional), Nádia Cavalcante (MHNC/Uece), Tábata Cavalcante (UFC/Uece), Robério Freire Filho (UFPE), assim como alunos e voluntários da UECE.

O estudo é financiado pelo Edital INOVA/Fiocruz Ceará/FUNCAP, de respostas rápidas para o combate da pandemia, que destinou R$ 167 mil para este Projeto. A pesquisa faz parte de uma rede de colaboração para vigilância de coronavírus circulantes em animais silvestres e se integra a Rede Genômica da Fiocruz, no rastreio de variantes.

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