Programa Bem Viver debate saúde mental do trabalhador

Em ação de retomada do ciclo de palestras mensais, o Programa Bem Viver Fiocruz Ceará (PBVFC) em parceria com a equipe de Saúde do Trabalhador realizou, na tarde da última quarta-feira (30/7), novo encontro com colaboradores da instituição. Tendo como tema “Saúde mental do trabalhador: estratégias de enfrentamento”, apresentado pela psicóloga Eveline Nogueira Pinheiro de Oliveira, os participantes puderam refletir sobre os desafios emocionais do ambiente de trabalho e compartilhar estratégias práticas para lidar com o estresse, a pressão e a sobrecarga.

Apesar de ainda ser considerado tabu, falar sobre saúde mental e a importância de acompanhamento especializado é também falar de saúde. “Muita gente ainda coloca suas fragilidades emocionais ‘debaixo do tapete’ e negligencia os cuidados com as emoções. É normal sentir tristeza e raiva, mas é preciso estar atento aos sinais que demonstram quando isso começa a interferir na sua vida”, alerta a psicóloga.

Mas o que é saúde mental? Eveline contesta o pensamento coletivo de que basta “pensar positivo e fazer terapia”. “Na verdade, abrange mais coisas como ter autocuidado, acompanhamento terapêutico, apoio da família e amigos, laços comunitários, além de estabilidade e qualidade de vida. Somos seres biopsicossociais e precisamos do equilíbrio entre saúde física, psicológica e social”, reforça. A psicóloga reforça que há coisas que fogem do controle, dentre elas as pessoas com quem se trabalha e com quem tem que se conviver a maior parte do dia. “Costumamos dizer que o trabalho organiza o nosso cotidiano, com horários e tarefas, e encontrar formas de conviver sem adoecimento tem sido um desafio”, reconhece.

E os números confirmam esta preocupação. Dados do Ministério da Previdência Social apontam que, só em 2024, foram concedidos mais de 470 mil afastamentos por transtornos mentais relacionados ao trabalho, o que representa um aumento de 68% se comparado a 2023. Destes, 64% são mulheres, com média de idade de 41 anos. Os motivos: transtornos de ansiedade, transtornos depressivos recorrentes e transtornos afetivos bipolar. Além destes, também surgem como motivos de adoecimento no trabalho pressões e metas excessivas, conflitos, sobrecarga, rotina exaustiva e falta de autocuidado. As consequências: depressão, ansiedade, estresse e Síndrome de Burnout.

Considerando os parâmetros propostos pela American Medical Association (AMA), que define os indicadores de saúde mental no trabalho, são considerados alerta quando esses de adoecimento interferem na sua vida pessoal e profissional, com limitações em atividades da vida diária, funções sociais, concentração e persistência dos sintomas e ainda deterioração ou descompensação no trabalho. “O primeiro passo é aceitar o problema e agir. Cuidar de si é um hábito e, para isso, muitas vezes é preciso se reconstruir”, aconselha Eveline Oliveira.

Saiba mais

Lançado em novembro de 2024, o Programa Bem Viver Fiocruz Ceará (PBVFC) foi idealizado em articulação com a Coordenação da Fiocruz Ceará e com a Diretoria Executiva da Fiocruz e estruturado a partir de esforços de pesquisadores e discentes do Laboratório de Saúde Digital da Fiocruz Ceará, liderado pela Dra. Adriana Bacelo, com o apoio e colaboração da Coordenação de Gestão de Pessoas (COGEPE), com ênfase nas articulações da Coordenação de Saúde do Trabalhador (CST), do qual salienta-se a especial atuação da equipe do Núcleo de Alimentação, Saúde e Ambiente (NASA).

A iniciativa está alinhada ao Programa Fiocruz Saudável (em consonância com as diretrizes da política institucional, expressas nas teses do Relatório Final do VIII Congresso Interno da Fiocruz (2018), em especial na Tese 6), à iniciativa “Fiocruz que Cuida” e ao “Planejamento Estratégico 2024-2040 da Fiocruz Ceará”, em especial no que diz respeito à promoção de um ambiente de trabalho motivador e de bem-estar do trabalhador.

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