Pesquisadores da Fiocruz capacitam profissionais de saúde para o combate da leishmaniose em Pacoti
A Fiocruz capacitou mais de 30 profissionais de saúde, entre médicos, enfermeiros e agentes de endemia animal para o combate da leishmaniose em Pacoti, no Maciço de Baturité. A leishmaniose é uma das doenças negligenciadas que mais afeta países em desenvolvimento e ela é endêmica na região.
Durante uma semana (23 a 27 de maio), os profissionais participaram de palestras e treinamentos no trabalho de campo, realizado para averiguar a prevalência de leishmaniose visceral e cutânea nos cães domiciliados da cidade. O trabalho desenvolvido em Pacoti se destaca pela parceria da equipe multidisciplinar composta por veterinários da Fiocruz Ceará; entomologistas da Fiocruz de Manaus; especialistas em reservatório de leishmaniose da Fiocruz do Paraná e da Fiocruz do Rio de Janeiro e especialista em vetores de riquetsioses da Fiocruz de Rondônia. A capacitação faz parte de um projeto, fruto de uma parceria entre a Fiocruz, Uece e Secretaria de Saúde de Pacoti.
O grupo realizou visitas às residências com cães domiciliados, onde foram feitas coletas de sangue dos animais para análise em laboratório. Os casos positivos para a leishmaniose nos testes rápidos foram revisitados e os pesquisadores coletaram tecido dos cães para exames adicionais. Ao todo, 110 cães foram examinados, sendo 8 positivos para leishmaniose visceral e 9 para leishmaniose tegumentar.
O biólogo e médico veterinário da Fiocruz Ceará, Giovanny Mazzarotto, que participou das atividades em Pacoti, explica que os dados servirão de subsídio para as tomadas de decisão que visem controlar os vetores, reduzir os reservatórios domésticos e casos de leishmaniose humanos e animais no Maciço. “Com os dados, a gestão pode solicitar ao Ministério da Saúde, que o município seja incluído na Zona de Encoleiramento de Cães para que os animais da cidade recebam a coleira com permetrina. Além disso, nas residências com casos positivos, as equipes de entomologia da Fiocruz Manaus instalaram armadilhas para a captura de vetores (flebótomos)”, ressaltou Mazzarotto.
A capacitação já trouxe o resultado esperado. Secretários de saúde de outras cidades do Maciço de Baturité já solicitaram que o trabalho fosse ampliado. Na próxima semana, as equipes envolvidas no trabalho farão atividades de busca de reservatórios de doenças nos animais silvrestres presentes na mata de Pacoti. Nesta ação participam também, os veterinários e biólogos da Uece e um ecólogo da Fiocruz Ceará.
A atividade contou com o apoio logístico e alimentar da Prefeitura de Pacoti, por meio da Secretaria de Saúde do município. A Uece cedeu alojamento para as equipes e estrutura de salas de aula.
Saiba mais
As leishmanioses se dividem em dois tipos: tegumentar, que ataca a pele e as mucosas; e visceral, que ataca órgãos internos, como fígado e baço. A doença é causada por protozoários parasitas que ficam hospedados principalmente em roedores e cães e são transmitidos ao homem pelas fêmeas de flebotomíneos, popularmente conhecidos como mosquito palha, cangalhinha e birigui. A leishmaniose visceral é uma doença parasitária sistêmica, caracterizada por febre de longa duração, aumento do fígado e baço (hepatoesplenomegalia), perda de peso, fraqueza, redução da força muscular, anemia e outras manifestações.
Já no caso da leishmaniose tegumentar, o principal sintoma é o aparecimento das feridas na pele. Geralmente, a lesão aparece pequena, de forma arredondada, profunda, avermelhada e cresce progressivamente com o passar dos dias. Entretanto, quando o parasita abriga a mucosa do indivíduo contaminado, as feridas aparecem no nariz, na boca ou, em casos mais graves, na garganta e no sistema da laringe do organismo.
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