Wolbachia


A Wolbachia é uma bactéria presente em cerca de 60% dos insetos, inclusive em alguns mosquitos. No entanto, não é encontrada naturalmente no Aedes aegypti. Quando presente neste mosquito, a Wolbachia impede que os vírus da dengue, Zika, chikungunya e febre amarela urbana se desenvolvam dentro dele, contribuindo para redução destas doenças.

Não há qualquer modificação genética no Método Wolbachia do WMP, nem no mosquito nem na Wolbachia. Com o tempo, a porcentagem de mosquitos que carregam a Wolbachia aumenta, até que permaneça estável sem a necessidade de novas liberações. Este efeito torna o método autossustentável e uma intervenção acessível a longo prazo.

O Método Wolbachia consiste na liberação de Aedes aegypti com Wolbachia para que se reproduzam com os Aedes aegypti locais estabelecendo, aos poucos, uma nova população destes mosquitos, todos com Wolbachia.

O Método Wolbachia é ambientalmente amigável. Os experimentos em laboratório identificaram que a Wolbachia, que é intracelular, não pode ser transmitida para humanos ou outros mamíferos. Somado a isto, já temos a Wolbachia presente naturalmente em outras espécies de artrópodes. Ou seja, ao estabelecermos uma população de Aedes aegypti com Wolbachia, não haverá alteração significativa nos sistemas ecológicos. 

Três avaliações de risco independentes foram realizadas e apresentaram uma classificação de risco global “insignificante” (a mais baixa possível) para a liberação de mosquitos com Wolbachia.

O World Mosquito Program (WMP) é uma iniciativa internacional sem fins lucraticos que trabalha para proteger a comunidade global das doenças transmitidas por mosquitos. O primeiro local de atuação do WMP foi o norte da Austrália, em 2011 e hoje, opera em 11 países.

No Brasil, o Método Wolbachia é conduzido pela Fiocruz, com financiamento do Ministério da Saúde, em parceria com os governos locais. As ações do projeto no Brasil seguem protocolo aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) e se dividem em diferentes etapas.

As ações iniciaram no Rio de Janeiro (RJ) e em Niterói (RJ), em uma área que abrange um milhão e 300 mil habitantes. Em Niterói, dados preliminares já apontam redução de até 77% dos casos de dengue e 60% de chikungunya nas áreas que receberam os Aedes aegypti com Wolbachia, quando comparado com áreas que não receberam.

O método também é aplicado em Campo Grande (MS), Belo Horizonte (MG) e Petrolina (PE) e segue em expansão.