Fiocruz Ceará e secretarias de saúde discutem impacto da violência urbana na atenção primária

Pesquisadores do grupo NósAPSBrasil têm se reunido com secretarias municipais de saúde de vários municípios com o intuito de apresentar os resultados do estudo que investiga o efeito da violência na saúde e no processo de trabalho dos agentes comunitários de saúde (ACS). A iniciativa é coordenada pela pesquisadora da Fiocruz Ceará, Anya Vieira-Meyer, e envolve o grupo de pesquisa NósAPSBrasil.

Desde o mês de março, reuniões vêm sendo realizadas com gestores municipais de saúde de diversos municípios nordestinos. O mais recente encontro aconteceu no campus da Fiocruz Ceará, no dia 14 de abril de 2025, com a presença da secretária de saúde de Sobral, Michelle Alves Vasconcelos Ponte. Na capital cearense, a reunião ocorreu no dia 31 de março, com a secretária de saúde de Fortaleza, Socorro Martins; o diretor da Escola de Saúde Pública de Fortaleza, Danilo Lopes e os coordenadores da atenção primária no município, Reginaldo Alves e Renata Mota. Em Recife, o debate contou com a participação de representantes de todos os distritos sanitários da cidade e foi realizado no dia 28 de março.

“O objetivo é apresentar os achados da pesquisa aos gestores e reforçar a importância da nova etapa de coleta de dados, que está em curso. Queremos fortalecer a parceria entre pesquisadores e prefeituras, para juntos enfrentarmos os efeitos da violência sobre o cotidiano dos profissionais da Estratégia Saúde da Família, contribuindo com a qualificação da atenção primária”, afirma Anya Vieira-Meyer. A pesquisa é financiada pela Funcap, PMA-Fiocruz e Harvard/Fundação Lemann.

O estudo, que abrange oito municípios do Nordeste — incluindo as capitais Fortaleza (CE), João Pessoa (PB), Teresina (PI) e Recife (PE), além de Sobral, Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha (CE) — investiga como fatores estressores, como a violência urbana e a pandemia de COVID-19, têm impactado diretamente a saúde mental, a qualidade de vida e as condições de trabalho dos ACS.

Violência e saúde no mesmo território

A pesquisa da Fiocruz Ceará parte de uma construção coletiva entre pesquisadores e trabalhadores do SUS, com base na análise dos contextos epidemiológicos, sociais e sanitários vivenciados pelos ACS. O estudo foi motivado pelo agravamento da violência no país — especialmente no Nordeste. De acordo com o ranking Most Violent Cities in the World de 2024, 17 das 50 cidades mais violentas do mundo estão no Brasil. Dessas, 10 ficam no Nordeste, incluindo oito capitais da região.

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