Encontro virtual marca lançamento do projeto Meninas na Ciência 2023
Um momento de diálogo entre jovens alunas do ensino médio e pesquisadoras cearenses que buscam formação acadêmica fora do país. Foi com o intuito de reforçar a importância da troca de experiências que a Fiocruz Ceará lançou, na última segunda-feira (28/03), o projeto Meninas na Ciência 2023. Com mediação de Luciana Lindenmeyer, coordenadora do projeto na Fiocruz Ceará, o encontro virtual tratou sobre o tema “Mulheres na Ciência aqui e lá fora – Experiências de estudo no exterior” e contou com a participação das pesquisadoras Vanessa Pinheiro (doutoranda em Biotecnologia) e Ana Beatriz Moreira (acadêmica de Engenharia Civil).
Luciana Lindenmeyer saudou os participantes do encontro virtual, comemorou a abertura do novo ciclo do Meninas na Ciência em 2023 e ratificou que o projeto neste ano voltará a atuar com as alunas das quatro escolas estaduais localizadas no município do Eusébio: Manuel Ferreira, Eusébio de Queiroz, Francisca Linhares e Ana Bezerra.
Após a abertura, alunos da Escola Edite Alcantara Mota, localizada no Pecém, realizaram uma apresentação cultural para recepcionar os participantes. Com poesia autoral e música, as alunas e alunos do 1o ano do ensino médio mostraram que educação e formação estão além do conteúdo apresentado em sala de aula.
Ana Beatriz Moreira apresentou sua trajetória de estudos, iniciada no Ceará. Ela afirma que sempre pensou em estudar fora e, com a pandemia da Covid-19 o sonho se ampliou. Ela decidiu se inscrever na Universidade de Jaén, na Espanha, concorrendo com estudantes do mundo todo. “Fui aprovada, enviei a documentação e estou aqui correndo atrás do meu sonho”, ratifica. Ela destaca também as dificuldades como o clima frio e a distância da família.
Vanessa Pinheiro também falou sobre sua formação acadêmica e sua dedicação à iniciação científica. “Comecei a estudar Biomedicina pelo FIES e tenho a característica de ser muito curiosa e nunca me contentar com um não”. Ela conta que buscou “a maior instituição de pesquisa do Brasil” e disse que um dia trabalharia lá. “Foi então que descobri a Fiocruz e nela dou continuidade à minha formação”. Agora Vanessa foi aprovada para a Universidade Politécnica de Valencia, também na Espanha, onde dará continuidade aos estudos sobre nanotecnologia. “É mais um sonho que se torna realidade. Aos poucos, com fé e fazendo o nosso melhor, a gente alcança o que quiser”, defende.
As trajetórias inspiradoras das jovens pesquisadoras cearenses ratificam que as mulheres podem ocupar os mais diversos lugares, inclusive na Ciência. No debate, elas também falaram sobre preconceito racial ainda ser um tabu. “Apesar disso, vivemos numa nova versão de sociedade, onde visões racistas não podem nos paralisar. Mulheres nos abriram portas e vamos continuar lutando para que outras meninas continuem esse legado. Não é fácil, mas não é impossível. O que a gente plantar hoje, outras meninas vão colher mais fácil amanhã”, defende Ana Beatriz.
Vanessa Pinheiro também defende que a união ameniza o peso dos desafios. “Nós podemos tudo. Mulheres que se unem podem muito mais. O que precisamos é nos colocar no lugar de cada menina que precisa e fazer tudo para ajudar. Minha vida foi modificada pelo estudo e usarei isso para contribuir com quem eu puder, por todas aquelas que não tiveram a oportunidade de escolher se dedicar aos estudos, por inúmeros motivos. Temos que fortalecê-las e é incrível como sempre aparece outra mulher pra ajudar. Nós queremos e defendemos a mudança na vida de todas e este apoio transforma vidas”, ratifica.
Lindenmeyer concluiu o encontro agradecendo a participação de todas e reforçando que a troca de experiências e vivências fortalece as histórias individuais e também o coletivo. “Muitas pessoas vieram antes da gente. Precisamos seguir desbravando essas dificuldades para que outras meninas sigam este caminho para também alcançarem seus sonhos”.
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