Fiocruz Ceará debate Soberania e Segurança Alimentar

Com o intuito de reforçar a conscientização e promoção da saúde com foco na segurança de alimentos, o Programa Bem Viver Fiocruz Ceará (PBVFC) realizou, na última quinta-feira (2/10), debate sobre “Soberania e Segurança Alimentar”. O encontro contou com a participação da nutricionista Wanessa Natividade Marinho, chefe do Núcleo de Alimentação, Saúde e Ambiente (NASA) e membro da Coordenação de Saúde do Trabalhador – COGEPE/Fiocruz. O trabalho colaborativo, com as ações de segurança de alimentos atreladas às atividades do Bem Viver para a promoção de ambientes alimentares saudáveis no contexto da Fiocruz Ceará, é resultado de articulação entre a coordenação da Fiocruz Ceará e a COGEPE, através do NASA/CST.

Wanessa Marinho apresentou informações e dados buscando sensibilizar os trabalhadores sobre a importância da segurança dos alimentos, além de compartilhar soluções práticas e sustentáveis. Segundo a nutricionista, para uma alimentação adequada muitas questões devem ser levadas em conta, desde a origem do alimento até sua manipulação. Ela apresentou o conceito de Soberania Alimentar, que consiste no “direito dos povos de definir suas próprias práticas e estratégias sustentáveis de produção, distribuição e consumo de alimentos que garantam o direito à alimentação adequada para toda a população, respeitando suas culturas e modos de vida, priorizando a produção local e camponesa”. “Comer é diferente de se alimentar. Por isso a importância desta visita, para que possamos conhecer de perto a Fiocruz Ceará, atuarmos em parceria e semear as informações para que que cada um possa replicar este modelo de alimentação simples em casa”, ratifica.

Wanessa abordou temas como insegurança alimentar, majoritariamente vivenciada por pessoas negras, crise climática global, desigualdade no acesso à alimentação e crescimento de desperdício como questões relevantes neste cenário de insegurança alimentar. Ela considera este diálogo com os trabalhadores de grande importância como ferramenta de multiplicação de informações sobre o tema. “Nós, enquanto pesquisadores da Fiocruz, temos um compromisso com a saúde de com a sociedade”.

Os dados apresentados preocupam: 30% dos alimentos produzidos no Brasil são descartados, o que representa 46 milhões de toneladas por ano; 60% do desperdício de alimentos acontece nos lares. “Diante de tantas pessoas sem acesso a alimento, considerando o alto índice de desperdício, é fundamental a prática do aproveitamento integral dos alimentos, com uso de cascas talos e sementes, da cozinha afetiva, sustentabilidade, levando em conta benefícios nutricionais e ambientais, além do ensinamento da culinária ancestral e popular como ferramentas de minimizar perdas”, defende.

Wanessa apresentou dez passos para uma alimentação adequada e saudável, dentre eles ter como alimentação base alimentos in natura ou minimamente processados; utilizar elementos como sal e açúcar em pequenas quantidades; comer com regularidade e atenção; comprar em locais que ofereçam variedade de alimentos in natura; desenvolver habilidades culinárias; planejar o tempo para a alimentação e priorizar, fora de casa, alimentos feitos na hora.

A chefe do NASA apresentou projetos e publicações desenvolvidas na Fiocruz “de modo a tentar mitigar essa realidade”. São a Nota Técnica: Orientações Técnicas e Normativas para promoção da alimentação adequada e saudável nos eventos e ambientes alimentares da Fundação Oswaldo Cruz, Catálogo Saúde na Mesa, orientações alimentares, cursos e mais ações desenvolvidas pela equipe do Núcleo de Alimentação, Saúde e Ambiente. “Mais do que informar sobre o que faz uma alimentação, defendemos que seja uma alimentação de qualidade””, ratifica.

Oficina e diálogo

Além da roda de conversa, na sexta-feira (3/10), Wanessa Marinho e a nutricionista Cíntia Borges integrante do Nasa ministraram um curso sobre segurança dos alimentos aplicado ao ambiente alimentar institucional. A iniciativa fruto de uma parceria entre o Núcleo de Alimentação, Saúde e Ambiente (CST/Cogepe), Fiocruz Saudável e o programa Bem Viver (Fiocruz Ceará) abordou temas como boas práticas de manipulação, normas, regulamentações e fiscalização técnica em serviços de alimentação.

Foi possível observar as rotinas de trabalho, dialogar com as equipes e compreender melhor a estrutura e o funcionamento desses locais. O encontro trouxe olhares atentos sobre boas práticas já adotadas e sobre os desafios que ainda se apresentam no cotidiano. Mais do que uma análise técnica, o dia foi marcado por uma escuta sensível e pelo reconhecimento de que os espaços de alimentação são também espaços de convivência, saúde e acolhimento.

A equipe do Nasa/CST/Cogepe também conheceu as instalações do campus da Fiocruz Ceará, dentre eles o restaurante, refeitório e as copas, além de diálogo com gestores e lideranças. “As atividades na Fiocruz Ceará reafirmaram que a alimentação é parte fundamental do cuidado com a saúde do trabalhador e do compromisso institucional com o Bem Viver. Cada visita e roda de conversa revelou o quanto os ambientes alimentares são espaços potentes de convivência, aprendizado e valorização do trabalho coletivo. A construção coletiva do Programa Bem Viver a partir do diálogo com o Nasa/CST/Cogepe pavimentou uma trajetória intersetorial e o caminho para fortalecer políticas e práticas que unem alimentação, sustentabilidade e saúde dos trabalhadores”, enaltece a nutricionista Adriana Bacelo, chefe de gabinete da Fiocruz Ceará.

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