Revista publica artigos científicos de pesquisadores da Fiocruz Ceará sobre saúde e sustentabilidade nos territórios

Os pesquisadores Ana Cláudia Teixeira, Fernando Carneiro, Vanira Pessoa e Márcio Flávio Araújo tiveram artigos publicados na Revista Saúde em Debate, publicação do Centro Brasileiro de Estudos da Saúde. Os representantes da Fiocruz Ceará são autores e coautores de três dos 27 artigos que marcam a edição especial da revista em comemoração aos cinco anos do Programa Institucional de Territórios Sustentáveis e Saudáveis (Pitss), que compõe a Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS) e a Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030 (EFA 2030) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A publicação busca dar visibilidade a experiências que defendem a saúde e a sustentabilidade nos territórios, trazendo alternativas de ações emancipatórias e de construção de futuros.

O artigo intitulado “Vigilância Popular em Saúde: luta emancipatória pela vida ante o agronegócio na Chapada do Apodi-CE” é fruto de mais uma pesquisa ação do Participatório em Saúde e Ecologia de Saberes, projeto da Fiocruz Ceará, que contribui na transformação das injustiças socioambientais na região. O estudo buscou identificar concepções, experiências, métodos e técnicas em Vigilância Popular da Saúde, Ambiente e Trabalho (VPSAT) por meio de uma pesquisa ação com a participação da comunidade. Os resultados das pesquisas sugerem que o forte envolvimento das comunidades na luta contra os impactos do agronegócio gerou mais consciência, conhecimento e capacidade de enfrentamento dos desafios potencializada pela parceria entre as entidades da sociedade civil, instituições de pesquisa e o SUS.

Também participam da autoria do artigo Saulo da Silva Diógenes (UFC), Antônia Márcia Xavier (Ceresta/SESA/CE), Reginaldo Ferreira de Araújo (M21), Leandro Vieira Cavalcante (UFRN) e Aline de Sousa Maia (Cáritas).

O segundo artigo, de autoria da pesquisadora Vanira Pessoa (Fiocruz Ceará) em parceria com Luiz Rons e Jeovah Meireles (UFC) aborda os “Impactos socioambientais e psicossociais causados por derramamento de petróleo em Pescadores e Pescadoras Artesanais”. O estudo analisa o extenso derramamento de petróleo em agosto de 2019 que atingiu 11 estados brasileiros, seus impactos socioambientais e psicossociais causados na vida de famílias e indivíduos que vivem da pesca artesanal. A pesquisa utilizou métodos mistos com 89 pescadoras e pescadores artesanais de comunidades da foz do rio Jaguaribe, Ceará, ouvidos entre julho e agosto de 2020. Os resultados indicam impactos ambientais como presença de óleo no rio e em animais; exposição humana direta ao petróleo; sintomas na saúde após exposição; efeitos psicológicos; consumo de recursos alimentares como peixes e crustáceos; e redução da renda dos Pescadores e Pescadoras Artesanais. “Assim, compreende-se que a vida, o ambiente, a saúde e o trabalho dessas populações foram agravados, principalmente aqueles de ordens socioeconômicas, de segurança alimentar e hídrica e de saúde”.

Os “Reflexos da pandemia de covid-19 na venda de alimentos em feiras livres no Maciço de Baturité-CE” é o tema do terceiro artigo publicado na revista. Com coautoria de Márcio Flávio Moura de Araújo, José Cláudio Garcia Lira Neto, Maria Wendiane Gueiros Gaspar e Kellen Cristina da Silva Gasque, a pesquisa analisa os impactos da pandemia de covid-19 com mudanças nos territórios sustentáveis e saudáveis, implicando a necessidade de reorganização de estruturas sociais e de saúde. O objetivo do estudo era compreender a dinâmica das feiras livres de vendas de alimentos no período pós-pandêmico em cidades do Maciço de Baturité, no Ceará, e avaliar as estratégias sanitárias e/ou de biossegurança utilizadas no enfrentamento da covid-19 por feirantes e consumidores. Foram avaliadas feiras de cinco cidades e realizadas entrevistas com 44 pessoas. O resultado apontou que quatro cidades tiveram condições sanitárias precárias e comprometimento da biossegurança e comercialização de alimentos. Feirantes e consumidores tiveram uma baixa percepção de risco sobre a covid-19 e levantaram a necessidade da perpetuação das feiras livres para a qualidade de vida e economia da região. “As feiras livres são territórios sociais e econômicos sustentáveis, que ainda carecem de atenção por gestores e profissionais de saúde”, concluiu.

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