Oficina em Teresina discute efeitos da violência durante pandemia
A Fiocruz Ceará, por meio da área Saúde da Família, e em parceria com a Fiocruz PI e a Universidade Federal do Piauí (UFPI) realizou oficina em Teresina (PI) no dia 4/12, onde foram discutidas as relações entre violência e pandemia de Covid-19 no contexto da Estratégia Saúde da Família.
Realizada no auditório da Enfermagem da UFPI, a oficina reuniu mais de 120 agentes comunitários de saúde (ACS) e representantes da academia, gestão e sindicato. Entre os presentes, estavam os pesquisadores do projeto Fernando Guedes (UVPI), Elaine Nascimento (Fiocruz PI), Sidney Farias (Fiocruz PE) e André Sá (Fiocruz PE).
Anya Vieira Meyer, pesquisadora da Fiocruz Ceará e coordenadora do estudo, apresentou dados alarmantes sobre os índices de violência durante a pandemia e sua repercussão na saúde mental e nas atividades laborais dos ACS neste período. De acordo com os resultados, os locais com maior vulnerabilidade social e maiores indicadores de violência (na perspectiva dos ACS) foram os que mais tiveram limitação da ação destes durante a pandemia. “Com um foco maior nos agentes de saúde, pudemos ver como a violência urbana afetou o cotidiano dos agentes e a capacidade que eles têm de cuidar da comunidade mais vulnerável, que também está sofrendo com a violência. Percebemos que é muito importante dar esta devolutiva para os agentes comunitários de saúde e para os gestores, porque os dados coletados são muito preocupantes. É necessário voltar a comunidade para expor os dados e pensar junto, com quem está vivendo essa realidade, o que é e o que pode ser feito. A parceria com a gestão dos serviços de saúde e entidades de classe é muito importante neste processo”, afirmou a pesquisadora.
Saiba mais
A pesquisa liderada pela Fiocruz Ceará busca desenvolver processos de alinhamento teórico e metodológico do estudo numa perspectiva de construção coletiva, com análise do quadro epidemiológico, social e sanitário decorrente da violência no território e da pandemia por Covid-19 vivenciados pelos ACS.
A coordenação geral da pesquisa é da Dra. Anya Pimentel Gomes Fernandes Vieira-Meyer (Fiocruz Ceará) com coordenação adjunta da Dra. Aisha Yousafzai (Universidade de Harvard) e da Dra. Ana Patrícia Pereira Morais (Universidade Estadual do Ceará – UECE). Participam do projeto mais de 20 pesquisadores de 13 instituições (Ensino, pesquisa e serviço) do NE brasileiro.
Os dados quantitativos somam cerca de 2000 questionários coletados em oito municípios nordestinos, sendo quatro capitais (Fortaleza, Recife, João Pessoa, e Teresina) e quatro cidades do interior (Sobral, Crato, Barbalha e Juazeiro no Norte-CE).
A pesquisa é financiada pela Funcap, PMA-Fiocruz e Harvard/Fundação Lemann.
Tags: ACS, Covid-19, Fiocruz Ceará, Saúde da família, Violência.