Carlile Lavor: Da Gestão à Pesquisa fortalecendo a Saúde da Família

Após 14 anos à frente da Fiocruz Ceará, o médico Carlile Lavor deixa a coordenação geral da instituição e assume dois projetos de pesquisa.

O médico sanitarista Antônio Carlile Holanda Lavor completa 59 anos de carreira dedicados à saúde pública neste 2023, dos quais 14 anos esteve à frente da Fiocruz Ceará. Carlile deixa a coordenação geral da instituição e assume dois projetos de pesquisa que abarcam ensino e serviço: No Crato, a formação de alunos na graduação em Medicina da Universidade Regional do Cariri (URCA) e em Tauá, o acompanhamento de enfermeiros e agentes comunitários de saúde, com foco no desenvolvimento materno-infantil em seu sentido mais amplo. Isso porque tem como prioridade os determinantes sociais em saúde e o fortalecimento da Atenção Primária.

Nesta entrevista, que marca esse momento de transição, Lavor conta sobre o processo de instalação da Fiocruz no Ceará, que resultou não apenas em uma nova sede, mas na consolidação da instituição como âncora científico-tecnológica no Estado. Missão cumprida, agora ele segue em frente com expectativa de continuar espalhando a semente que traz consigo inspirado na Conferência de Alma-ata. Quando cai em terra boa, floresce a Saúde da Família. Confira:

Dr. Carlile, conte-nos como começou sua trajetória com a Fiocruz.

Desde quando o Odorico Monteiro (hoje pesquisador da Fiocruz) foi secretário de Saúde do prefeito Cid Gomes, em Sobral, a ideia era criar uma fábrica de medicamentos genéricos ligada à Fiocruz. O ano era 2006. A partir desse projeto, começou o diálogo. Em 2007, já com Cid governador do Estado, a proposta mudou para a implantação de uma unidade da Fiocruz no Ceará. Em uma reunião com vários diretores da Fiocruz, reitores de universidades, secretários municipais de saúde, secretários estaduais decidiu-se por tocar o projeto e, a partir daí, o governador me convidou para assumir esse desafio de ajudar a construir a Fiocruz. Então foi publicado o Decreto 29.342/2008, em que foram definidos dois objetivos essenciais para a Fiocruz Ceará, que estou perseguindo até hoje, nesses 14 anos de trabalho não esqueci.

E quais são esses objetivos?

Um é fortalecer o Saúde da Família, que chamavam na época de Atenção Básica, mas eu traduzia como Saúde da Família. O outro é construir um Polo Tecnológico e Industrial da Saúde no Ceará. Com relação ao Saúde da Família eu entendia bem, sobre o Polo eu sabia que era uma riqueza para o nosso estado e fundamental para desenvolver a indústria da saúde, já que a gente importa quase tudo. Então a partir desse decreto, formou-se um comitê estadual que era presidido pelo secretário de Saúde do Estado, que à época era João Ananias, com participação da Secretaria de Ciência e Tecnologia e as três universidades estaduais do Ceará (Universidade Estadual do Ceará – UECE, Universidade do Vale do Acaraú – UVA e Universidade Regional do Cariri – URCA), a Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC) e a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Fortaleza, que tinha à frente Odorico Monteiro.

Qual era a proposta para fortalecer a Estratégia Saúde da Família?

O primeiro passo era qualificar profissionais para o Saúde da Família. Para isso era preciso uma pós-graduação. Aí propus aos reitores e aos secretários criar uma pós-graduação voltada para a formação de não só de professores, mas também de pesquisadores porque para avançar tem que ter pesquisa. Na área hospitalar, por exemplo, toda hora tem pesquisa nova. Só em 2020 foram publicados 150 mil trabalhos sobre a Covid-19. Então se a Atenção Primária não tem pesquisa, como consegue avançar? Investir em pesquisa é fundamental.

Como ocorreu o processo de criação dessa pós-graduação?

Eu propus então que a gente construísse uma pós-graduação em Saúde da Família, mas não tinha professor, era só a intenção. A gente tinha que construir algo que não existia, partir do zero. Mesmo assim a minha proposta foi aceita logo na primeira reunião. Foi um grande desafio. Na reunião seguinte, os membros do comitê indicaram professores para integrar esse projeto, representantes para construirmos essa pós-graduação. Aí foi indicada pela SMS Fortaleza a professora Anya Pimentel, dentista e com doutorado no Canadá. A UECE indicou o professor Jackson Sampaio, que era o pró-reitor de pesquisa; a UVA indicou as professoras Socorro Dias e Maristela Osawa; a UFC indicou Neiva Francenely Vieira e Andréa Silvia, enquanto a URCA indicou a professora Fátima Antero. Esse grupo até hoje é atuante na Fiocruz Ceará.

E quanto tempo demorou até começar a primeira turma de pós-graduação?

Foram quatro anos até a criação do Mestrado. Em 2012 tivemos a aula inaugural ministrada pela professora Nísia Trindade, que era a vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação da Fiocruz. Nas primeiras reuniões a vice-presidente era a Maria do Carmo Leal (Duca), que nos deu toda a força ao longo desse período. Porém, todo mundo só tinha a intenção, mas se animaram e decidiram: vamos construir juntos. Aí o professor Jackson deu o exemplo da UECE, sobre a Rede Nordeste de Biotecnologia (RENORBIO), que forma cem doutores por ano e reúne trinta universidades, nove estados do Nordeste e mais o Espírito Santo. Então a RENORBIO serviu de modelo para a criação da Rede Nordeste de Formação em Saúde da Família (RENASF). No começo havia as três universidades do Estado e a Federal, abrangendo os profissionais de Medicina, Odontologia e Enfermagem. Depois se interessaram em participar universidades do Maranhão e Rio Grande do Norte. Na segunda turma entraram Piauí e Paraíba. E agora vão ingressar Alagoas e a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB). Professores da UNILAB também participaram desde o início, mas não com uma turma própria. A área de Ensino da Fiocruz participou ativamente e orientou todo o processo. Foi também o setor que dirigiu o primeiro concurso para pesquisador no Ceará, em 2010.

E as aulas, como eram ministradas?

O curso seguia um padrão, mas as aulas eram ministradas em cada instituição com seus respectivos professores. Havia reuniões e acompanhamento mensal do Comitê. No início era UECE, UVA, URCA, UFC, UFRN e UFMA. Hoje a Fiocruz Ceará tem seus professores-pesquisadores e também oferta turmas de pós-graduação.

Ao lado dos ex-governadores Cid Gomes, Camilo Santana, além dos pesquisadores da Fiocruz Paulo Gadelha e Odorico Monteiro.

Como surgiu a ideia de trazer a Fiocruz para o Eusébio?

Na terceira reunião desse comitê já vieram o então vice-presidente de Desenvolvimento Institucional da Fiocruz, Paulo Gadelha e o vice-presidente de Produção e Inovação, Carlos Gadelha, que trabalhava com a ideia da indústria. E nessa vinda deles, nós fomos ao governador Cid Gomes e ele propôs que o terreno seria esse aqui (onde hoje é o campus Eusébio) e Paulo Gadelha disse que seriam necessários dez hectares. O governador estava animado com a ideia do Polo Industrial e destinou 50 hectares. Ele também se comprometeu a construir uma estrada que ficou pronta antes da inauguração da nossa sede, a CE-010.

E sobre o Polo Industrial e Tecnológico, o que avançou?

Nosso outro objetivo é o Polo Industrial. Procurei a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) e perguntei como poderíamos fazer para atrair as indústrias. Procurei também a Agência de Desenvolvimento do Ceará (ADECE) e fui conhecer com um representante estadual o Polo Industrial de Anápolis. Criamos um grupo temático sobre a saúde, juntando industriais, Banco do Nordeste, representantes das universidades, da Fiocruz e começamos a pensar. Já chegamos a preparar todo o urbanismo do terreno, os 40 hectares, feito o arruamento. A presença da Fiocruz foi essencial para expandir o desenvolvimento da região. Ajudou a colocar o Eusébio como um ponto importante que será referência no desenvolvimento científico e tecnológico do Ceará. Então a ideia de ter a indústria da saúde se manteve e acredito que vai se fortalecer agora, pois sempre o governo do Estado considerou importante.

Nesse cenário investir em pesquisa também é prioridade?

Sim, é fundamental porque uma indústria de ponta, para competir no cenário internacional tem que ter pesquisa de ponta. Por isso fizemos um estudo para ver o que tinha no Ceará em relação à indústria da saúde. O Ceará tem algumas indústrias em Juazeiro do Norte, Barbalha, uma aqui no Eusébio e outra em Aquiraz, todas na área de soro fisiológico e uma de medicamentos. Mas a gente queria saber sobre a infraestrutura de pesquisa em saúde nas indústrias. Então identificou-se que, em algumas áreas, precisamos melhorar. Então a ideia era investir em pesquisas que inicialmente não precisassem de laboratórios, porque não tínhamos. Então escolhemos a Bioinformática, essencial para a indústria de medicamentos. Aí o primeiro concurso nosso foi para pesquisadores: três vagas para o Saúde da Família e três para Bioinformática. Então logo no início, começamos a trabalhar e a pesquisar, ainda lá na unidade da avenida Santos Dumont (antigo endereço da Fiocruz, em Fortaleza).

Sua trajetória tem como marcas o diálogo e o foco na saúde para todos.

Dr. Carlile, o senhor tem consciência sobre o quanto contribui para a saúde pública? O senhor tem noção que é referência para todo profissional de saúde do Ceará?

É muito bom. (risos). Acho que isso é estar no caminho certo. Resultado de uma vida de trabalho. E daqui pra frente vou dedicar meu tempo a dois projetos. Um deles foi um convite do reitor da URCA, que é da minha cidade, Jucás, para ajudar a fazer um curso de Medicina e eu disse que só topava se fosse para criar um curso bom para o povo. Se for só pra médico ganhar dinheiro, não interessa não.

E como seria um curso de Medicina bom para o povo?

É curso preocupado em formar um médico que conheça Medicina e goste de aplicar seu conhecimento em benefício do povo. E para médico que goste de trabalhar com Atenção Primária, porque na atenção especializada já tem muita gente. E o reitor, que é economista, ficou animado. O então governador Camilo Santana também topou na hora. E aí fui de carro ao Crato, em plena pandemia, acompanhar a implantação. O Estado comprou o hospital, um dos mais tradicionais da região, o Hospital São Francisco, mas vai continuar sendo administrado pelos camilianos, uma ordem especializada em gestão hospitalar. A ideia é o curso atuar no bairro Seminário, bastante tradicional na região. Então os alunos vão começar cuidando do povo do bairro e depois vão para o hospital. A primeira turma entrou em 2022.

Do alto de sua experiência, por que o senhor considera tão importante para um país investir na Atenção Primária?

Eu vou explicar: Em 1978, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o UNICEF reuniram uma centena de países em Alma-Ata, que é uma cidade do Cazaquistão, para discutir o que era possível fazer para que os países pobres tivessem mais saúde. Nessa conferência chegou-se à conclusão que dá para ter mais saúde com pouco recurso, porque saúde não é só médico, mas também água, comida, educação. Podemos fazer mais com poucos recursos. Foi o que fizemos aqui em 1987. Contratamos seis mil mulheres ganhando um salário mínimo, mas que trouxeram todas as grávidas para o pré-natal e vacinaram os meninos. Em três anos, a gente baixou a mortalidade de 100 mil para 68 por mil. Então o Ceará passou a ser exemplo para o mundo. A gente ganhou aqui o prêmio como se fosse o Nobel da Saúde, o prêmio Maurice Pate. Em 1993, o governador e duas agentes de saúde foram a Nova York receber o prêmio.

Carlile Lavor alcançou reconhecimento internacional quando em 1987, como secretário de Saúde do Ceará, criou o Programa Agentes Comunitários de Saúde (PACS), contribuindo para a redução da mortalidade infantil que atingia níveis dramáticos no estado. Diante dos extraordinários resultados, o UNICEF agraciou o Ceará com o prêmio Maurice Pate, primeira ocasião em que foi contemplada a América do Sul. Em 2007, o sanitarista viajou à Angola para orientar a implantação do PACS naquele país.

Na estruturação desse curso de Medicina foi pensada a questão da comunicação?

Sim, a comunicação é fundamental porque o primeiro passo é os alunos se comunicarem entre si e com os professores, você vai conviver seis anos, precisa conhecer o outro, aprender a trabalhar em grupo. Depois tem a comunicação com o paciente. Senão seria só dar remédio. Nem sempre precisa de remédio, às vezes só conversar tem resultado melhor do que medicação. E na Atenção Primária é esse o foco. Em vez de dar mil remédios, escute a história do seu paciente.

E o projeto em Tauá, como vai ser?

Vamos qualificar os profissionais para ficarem permanente no município. Nosso foco são os enfermeiros, profissionais importantes no Saúde da Família, mas que foram subestimados, junto com os ACS. Então vamos fazer uma especialização em Enfermagem voltada para a Saúde da Família. Outro ponto importante é visitar todas as grávidas em casa, enfermeiros junto com os ACS, porque uma coisa é você ver a grávida no consultório, outra coisa é quando você chega na casa dela. Saúde da família é ver a família, conhecer entrar em contato. Eu queria que visitasse todas. Toda grávida precisa ser visitada para ver a situação da casa. Ela geralmente se arruma para ir ao centro de saúde. De mil grávidas que visitaram de fevereiro até dezembro, encontraram 180 em estado de muita pobreza. As enfermeiras ficaram impactadas, todas. Grávidas adolescentes, doentes mentais, viciadas em drogas. Ficaram impressionadas.

E a partir desse resultado é que se desenvolve o projeto?

A ideia principal hoje do projeto é fazer com que essas mães não transmitam essa vulnerabilidade para seus filhos. Todo tipo: uso de drogas, abandono da escola ou a pobreza absoluta. A família vive isso e os filhos vão seguir, é um círculo vicioso. Algumas crianças não chegam nem a ir à escola. Outras vão, mas abandonam logo. Então é preciso cuidar da mãe para a mãe cuidar do filho. Para isso é importante a mãe ter uma profissão. Esse é um projeto também de natureza psicológica, antropológica. Da última vez que estive em Tauá uma psicóloga me disse: dr. Carlile, dei alta a uma mulher hoje. Ela chegou aqui toda assanhada e hoje anda de batom vermelho e bem vestida. Já está trabalhando, ganhando o dinheiro dela, saiu da vulnerabilidade.

É muito interessante e complexo mesmo. E como está o projeto hoje?

Hoje trabalham juntas cinco secretarias: a Secretaria de Saúde, Secretaria de Ação Social, criou-se a Secretaria de Geração de Emprego, porque tem que ganhar dinheiro para não depender de assistência, seja do Estado ou do marido, também a Secretaria de Promoção da Mulher. Tem uma radialista lá espetacular, que vai na comunidade, igrejas, mobilizando as mulheres. E a Secretaria da Educação oferece vários cursos, beleza, moda, gastronomia e outros.

Durante visita da atual Ministra da Saúde, Nísia Trindade ao Ceará, em novembro do ano passado, Carlile anunciou a transição no comando da unidade, com Carla Celedônio assumindo a condução da Fiocruz Ceará a partir de janeiro de 2023.

O senhor vai continuar seu vínculo com a Fiocruz?

Sim. Nos dois projetos a minha participação é como pesquisador da Fiocruz. São projetos de pesquisa: um para ver se é possível barrar essa vulnerabilidade a partir das mulheres. A mãe precisa ganhar seu dinheiro para transmitir confiança aos filhos. O outro projeto é formar médicos que fortaleçam a Atenção Primária e as equipes de Saúde da Família. É preciso dar as condições para que os alunos de Medicina conheçam e gostem também de trabalhar na Atenção Primária.

Em um projeto o senhor trabalha com a formação para Atenção Primária, lá na graduação em Medicina, e no outro com enfermeiros, determinantes sociais. Como é atuar nas duas pontas?

Os alunos de Medicina precisam aprender essas coisas, conhecer realmente a Atenção Primária desde a graduação. Na outra ponta, os enfermeiros também compreendem que tudo é saúde. Uma mãe que vive em situação de vulnerabilidade não vai cuidar da saúde dela nem de sua família. Então a gente precisa se preocupar com essas questões. Por isso é importante ter agora uma socióloga no Ministério da Saúde (ministra Nísia Trindade), porque o grande problema da saúde nossa não é parede, nem equipamento, mas não cuidar das pessoas. A gente precisa de alguém que tenha solidariedade, porque nosso problema maior é esse povo que ninguém olha, só passa remédio, exame, hospital.

O senhor considera que tudo o que o senhor idealizou para a Fiocruz já está organizado, no ponto de seguir em frente?

Na vida não existe isso de estar tudo pronto. Ninguém nunca deve dizer que está tudo feito, agora que tem muita coisa pronta, tem. Todas as pessoas que vêm nos visitar ficam admiradas. Nossos funcionários gostam de trabalhar aqui.

Nos novos desafios, Carlile irá focar ainda mais no fortalecimento da Atenção Primária.

E como o senhor estará presente no campus Eusébio em 2023?

Eu quero experimentar esses dois projetos e estar aqui junto, mostrando os resultados. É uma experiência e a gente imagina um resultado, mas não sabe se vai dar certo. Eu quero trazer os resultados pra cá e daqui mostrar ao Brasil todo. O que foi o agente de saúde? Experimentamos também um pouquinho. Acredito que se a coisa funcionar, dando certo, se espalha.

E o senhor sabe fazer dar certo! (risos)

A primeira conversa sobre os ACS que tive com o Tasso (governador do Ceará em 1986) já levei quanto ia custar tudo. Naquele tempo a inflação era altíssima. Então apresentei o custo em dólar. US$ 6 milhões por ano, o que correspondia a um dólar por habitante/ano. Aí ele disse: Mas só isso? Basta isso? Sim, isso e as condições de trabalho para funcionar bem. E deu certo. (risos).

Que mensagem o senhor deixa a todos que fazem a Fiocruz Ceará?

Importante é viver bem, uma comunicação boa entre as pessoas, essa solidariedade entre os colegas é essencial. Cada um aqui tem uma contribuição diferente. A Fiocruz não se faz só com pesquisador, só com comunicador. Aqui tem gente que estudou e trabalhou no exterior, em outros estados, e tem gente que estuda e cresce aqui mesmo. A forma como a Fiocruz seleciona as pessoas, a qualidade técnica é muito importante, mas o acolhimento humano é que eu acho que conquista e dá esse clima bom que temos.

Entrevista, texto e fotos: Sheila Raquel;

Edição: Carolina Campos.


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