II Simpósio Pasteur-Fiocruz destaca avanços científicos, cooperação institucional e formação de jovens pesquisadores

Realizado em 25 e 26 de setembro de 2025, o II Simpósio Pasteur-Fiocruz de Imunologia e Imunoterapia reuniu pesquisadores de referência nacional e internacional, professores, estudantes e gestores da saúde para discutir avanços científicos e perspectivas de aplicação clínica em doenças infecciosas, câncer, imunoterapia e terapias celulares. Além de oferecer espaço para a apresentação de jovens pesquisadores, o encontro comemorou o primeiro ano do Centro Pasteur-Fiocruz de Imunologia e Imunoterapia, fortalecendo a posição do Ceará como polo de ciência, inovação e cooperação na área da saúde.
A mesa de abertura foi composta por Wilson Savino (assessor especial da Presidência da Fiocruz para Cooperação Científica); Caroline Passaes e João Hermínio (cocoordenadores do Centro Pasteur-Fiocruz de Imunologia e Imunoterapia), Patrícia Canto (Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz), Roberto Nicolete (coordenador de Pesquisa e Coleções Biológicas da Fiocruz Ceará), Luiz Odorico Monteiro (coordenador de Produção, Inovação e de Gestão e Desenvolvimento Institucional da Fiocruz Ceará), e Sandra Monteiro (secretária da Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Ceará).
No discurso de abertura, os participantes ressaltaram o papel do simpósio como espaço de fortalecimento da ciência de excelência e de impacto social. O assessor especial da Presidência da Fiocruz, Wilson Savino, iniciou as falas destacando a importância de ver a sala repleta de jovens. “Ter este auditório repleto de jovens não é apenas um indicador, é a certeza de que estamos no caminho certo. A Fiocruz Ceará, com o Centro Pasteur-Fiocruz, se tornou parte ativa do processo de desenvolvimento científico e tecnológico do estado, especialmente no campo da imunologia. Isso nos enche de alegria e confiança no futuro.”
Na sequência, a cocoordenadora Caroline Passaes reforçou o sentido desse protagonismo, situando-o dentro dos avanços já conquistados desde a inauguração do Centro em 2024: “Tivemos conquistas importantes desde a inauguração, em maio de 2024, trabalhando de forma incansável para estruturar as atividades do Centro Pasteur-Fiocruz no Ceará, sempre com o apoio do governo e de instituições regionais. Essa parceria nasce da excelência de duas instituições centenárias e nos traz uma grande responsabilidade: transformar esse projeto em um marco da cooperação bilateral. Entre os resultados alcançados está a assinatura do Memorando de Entendimento com a Universidade Federal do Ceará e o lançamento de uma chamada internacional que permitirá a chegada de um jovem pesquisador para liderar um grupo de pesquisa no Centro.”



O cocoordenador João Hermínio complementou a fala de Passaes, enfatizando que a ciência que se produz na instituição tem um propósito claro: chegar até a sociedade. “O conhecimento que produzimos precisa chegar à população. Cada descoberta discutida aqui, seja em anticorpos, imunoterapia ou terapias celulares, tem como horizonte o SUS e os pacientes que aguardam soluções concretas. Nosso objetivo é consolidar o Ceará como referência em inovação, atraindo pesquisadores e fortalecendo a formação de novos cientistas,” frisou.
As reflexões sobre ciência e sociedade abriram caminho para uma abordagem mais ampla da relação entre conhecimento, inovação e desenvolvimento. O coordenador de Produção, Inovação e Desenvolvimento Institucional, Luiz Odorico Monteiro, destacou que a inovação não pode ser vista apenas como resultado natural da pesquisa, mas como estratégia de Estado. “A inovação sempre moveu a humanidade, mas hoje ela precisa ser política pública. A Fiocruz Ceará nasceu com essa perspectiva: transformar conhecimento em inovação tecnológica e social, capaz de chegar ao território, às políticas públicas e à vida das pessoas. Esse é um caminho que exige planejamento de longo prazo, alianças estratégicas e investimento contínuo para que o conhecimento não fique restrito à academia, mas se transforme em impacto real na vida da população.”


Na mesma direção, o coordenador de Pesquisa e Coleções Biológicas, Roberto Nicolete, reforçou a importância do equilíbrio da programação científica e da dimensão social que orienta as pesquisas do Centro. “O evento mostrou a imunologia em sua amplitude. Não falamos apenas de anticorpos ou imunoterapia, mas também de interações patógeno-hospedeiro, de processos inflamatórios e de homeostase. Essa diversidade de temas reflete o que é a imunologia e fortalece a Fiocruz Ceará na missão de produzir conhecimento relevante para a sociedade. Setembro é o mês de conscientização sobre as doenças do sangue, em especial o câncer infantil, e este simpósio reforça que nossa ciência tem como destinatário final as pessoas que precisam de soluções em saúde.”
Ciência, soberania e equidade
O debate sobre inovação se articulou diretamente à necessidade de soberania tecnológica. Patrícia Canto chamou atenção para o aprendizado deixado pela pandemia e para a centralidade do investimento em ciência:
“Investir em imunologia e terapias avançadas é investir em soberania. A pandemia mostrou como a dependência tecnológica fragiliza países. Este centro simboliza o compromisso da Fiocruz com o SUS, com a população brasileira e com a construção de um sistema de saúde mais justo e independente.”

A secretária da Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Ceará, Sandra Monteiro, fechou a mesa de abertura reforçando o papel do Estado na consolidação dessas conquistas. Para ela, é essencial integrar esforços entre governo, academia e sociedade para que os resultados cheguem de forma concreta à população: “Nosso compromisso é integrar instituições, governo e população para que o conhecimento produzido se traduza em produtos, serviços e melhorias para a saúde. O Ceará tem excelência científica e está pronto para assumir papel de liderança no cenário nacional.”
Avanços científicos em destaque
A programação dos dois dias percorreu desde a imunologia básica até estratégias inovadoras de aplicação clínica. A primeira mesa reuniu Silvia Beatriz Boscardin (USP), que apresentou pesquisas sobre anticorpos monoclonais para o tratamento de doenças infecciosas, Patrícia Torres Bozza (Fiocruz), que discutiu a reprogramação imunometabólica nas interações patógeno-hospedeiro, e Juliana Pavan Zuliani (Fiocruz), que abordou o potencial das lectinas de veneno de serpentes como adjuvantes vacinais. Ainda pela manhã, Rogério Amino (Institut Pasteur) apresentou descobertas sobre a resposta imune da pele na malária.
À tarde, Felipe Pantoja Mesquita (Hemoce) compartilhou a experiência pioneira do Ceará com a terapia celular CAR-T anti-CD19. O dia encerrou com a apresentação de pós-doutores da Fiocruz Ceará em áreas como engenharia e triagem de anticorpos (Larissa Pontes e Marcos Rafael Lobo), caracterização funcional de candidatos para imunoterapia (Daniel Pascoalino), pipelines computacionais para descoberta de novos bioterapêuticos (Aline Albuquerque), avaliação pré-clínica de produtos naturais e fármacos (Ketlen Ohse) e desenvolvimento de nanocorpos para febre amarela (Mauricio Tilburg).









No 26 de setembro, os debates foram abertos por Roberto César Pereira Lima Junior (UFC), que falou sobre a imunoterapia como quinto pilar do tratamento oncológico, seguido por Adriana Cesar Bonomo (Chefe do Laboratório de Pesquisas sobre o Timo – LPT) com a apresentação sobre linfócitos T em nichos metastáticos de câncer de mama. Edson Holanda Teixeira (UFC), que apresentou os dez anos de trajetória da Imunoensina na difusão científica em imunologia. Encerrando a programação, Wilson Savino (Fiocruz) ministrou a conferência sobre a citocina TGF-β como alvo para regeneração do timo e restauração da competência imune.











