Complexo Tecnológico de Bio-Manguinhos coloca o Ceará na rota de produção de Biofármacos
O gerente do Programa de Implantação dos Novos Campi do Instituto Bio-Manguinhos, Artur Couto, anunciou que o Complexo Tecnológico em Insumos Estratégicos Eusébio (CTIE), passará a produzir o Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) de imunobiológicos, principal insumo para a produção de vacinas e biofármacos. Localizado na sede da Fiocruz Ceará, as obras do CTIE, devem começar ainda este ano. Os investimentos no projeto estão estimados em R$ 950 milhões.
Couto participou de reunião da Câmara de Inovação, Produção e Empreendedorismo da Fiocruz Ceará, realizada na quinta-feira, 28 de janeiro. O encontro teve como tema a expansão da capacidade produtiva de Bio-Manguinhos: Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde no Rio de Janeiro e a implantação do Centro Tecnológico de Insumos Estratégicos (CTIE) no Distrito de Inovação no município do Eusébio.
Segundo Artur Couto, o projeto do Ceará foi ampliado à medida que a demanda do Instituto Bio-Manguinhos foi ajustada. Dessa forma, o CTIE Eusébio vai ficar responsável pela produção de toda a demanda atual e futura de IFA de Bio-Manguinhos. Couto explica que o processamento final do IFA acontecerá no Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde, localizado em Santa Cruz, Rio de Janeiro. O CIBS Santa Cruz está sendo construído para ser o maior centro de processamento final da América Latina.
O CTIE Eusébio abrigará também instalações laboratoriais para desenvolvimento de produtos baseados em cultura de célula, expressão transiente ou plantas trangênicas em escala de bancada. “Na definição do projeto vamos deixar áreas de expansão porque temos uma quantidade crescente de produtos, tendo em vista que a cada dia somos demandados pelo SUS e estamos organizados para atender essa demanda. Nesse sentido o CTIE Eusébio faz parte da estratégia de Bio-Manguinhos”, afirmou.
A planta arquitetônica da obra já está em fase de conclusão. Será usada na construção a técnica de build to suit, quando a licitação é feita para um investidor e o contratante recebe a fábrica pronta. “Quando estiver pronto o Centro vai gerar 400 empregos diretos, para pessoal especializado e queremos que sejam todos ocupados por trabalhadores locais. O projeto deverá estar pronto em julho, a licitação no segundo semestre e a construção ainda este ano”, explicou o gerente.
Entre as perspectivas do CTIE Eusébio estão a interação com a comunidade local nos projetos de responsabilidade social, desenvolvimento de cadeia de fornecedores, programa de formação de profissionais qualificados e a identificação de parcerias locais para o desenvolvimento de novos produtos.
O coordenador da Câmara, pesquisador da Fiocruz Odorico Monteiro, falou sobre a relevância da implantação de um equipamento do porte do CTIE para a região. “O Complexo Tecnológico será um símbolo de autonomia e desenvolvimento do estado. É o Ceará entrando de vez no complexo produtivo da saúde e na rota da produção de insumos e biofármacos essenciais para a saúde no país”, disse o pesquisador.
O coordenador-geral da Fiocruz Ceará, Carlile Lavor, afirmou que o projeto materializa a decisão estratégica de investir em novas tecnologias, contribuindo também para a política de desconcentração do desenvolvimento tecnológico e industrial nacional e o projeto de expansão da Fiocruz.
Representando a Prefeitura de Eusébio, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Eilson Gurgel disse ser um momento importante para o município e todo o estado. “Estamos extremamente orgulhosos de ver a grandiosidade e relevância que esse empreendimento vai trazer para o Eusébio, contribuir para o esforço nacional de produção de imunizantes, principalmente nesse momento de pandemia”, declarou.
Para o pesquisador Odorico Monteiro, “é bastante significante visualizar os benefícios desse projeto também para o Eusébio. Queremos qualificar a população local, evitar a gentrificação e preservar a Lagoa da Precabura. Vamos em frente no processo de tornar o Ceará referência em inovação, saúde e tecnologia”.
Mais sobre o projeto
O projeto foi desenvolvido de acordo com as práticas relacionadas à sustentabilidade, conservação e proteção ambiental. Painéis de energia solar para iluminação interior, acessibilidade em todas as instalações e quase 100% reaproveitamento de água, resíduos orgânicos e luz natural são exemplos de ferramentas utilizadas.
Sua construção servirá como apoio e sustentação para a ampliação da entrega de vacinas para o Programa Nacional de Imunizações (PNI), e representa um marco na modernização tecnológica e autossuficiência no calendário essencial de imunização do Ministério da Saúde. Somente em 2020, Bio-Manguinhos forneceu mais de 100 milhões de doses de vacinas, entregou 5,2 milhões de frascos/seringas para biofármacos e 11,3 milhões de kits para diagnósticos.
Aliado ao CTIE Eusébio, o Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde (CIBS), construído no Distrito Industrial de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, vai quadruplicar o processamento final de vacinas e biofarmacos do Instituto Bio Manguinhos, que já é considerado um dos maiores da América Latina.
Acesse o site do Instituto Bio-Manguinhos
https://www.bio.fiocruz.br/index.php/br/