Evento no sertão reuniu academia e comunidade em torno de plantas medicinais e doenças infecciosas
Nos dias 3 e 4 de outubro de 2024, na Universidade Regional do Cariri (URCA) na cidade do Crato, no Ceará, o Programa de Computação Científica da Fiocruz (PROCC) e a URCA realizaram, em parceria com The Global Health Network América Latina e Caribe (TGHN LAC) e a Fiocruz Ceará, o “I Workshop de plantas medicinais em doenças infecciosas: da comunidade à academia”, organizado pelo pesquisador da Fiocruz Ceará, Jaime Ribeiro Filho e que contou com a presença de especialistas incluindo o coordenador do PROCC, Ernesto Caffarena, o pesquisador da Fiocruz Amazônia, Marcus Lacerda, o representante da direção da Fiocruz Ceará, coordenador de pesquisa, Roberto Nicolete e o reitor da URCA, Carlos Kleber Nascimento de Oliveira.
Iniciativa da TGHN LAC: do sertão do Ceará para toda a América Latina
Na abertura do evento, Caffarena apresentou a iniciativa da TGHN LAC, da qual o PROCC, vinculado à Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz (VPEIC), faz parte. A rede integra a The Global Health Network e inclui instituições de outros cinco países. “Nosso objetivo é compartilhar conhecimentos e promover iniciativas educativas como esta e dar acesso a recursos de saúde para equipes de pesquisa em saúde da América Latina e do Caribe, com foco em doenças infecciosas emergentes”, disse Ernesto, que também é colíder regional da Fiocruz na TGHN LAC.
Primeiro dia do workshop traz resgate do conhecimento tradicional dos povos
No primeiro dia, os temas das palestras foram “Relatos da prática médica no Ceará” com o pesquisador da Fiocruz Ceará, Antônio Carlile, “Terapia de doenças infecciosas tropicais” com o pesquisador da Fiocruz Amazonas, Marcus Lacerda e “Nanopartículas poliméricas e lipídicas para terapia experimental das leishmanioses” com Roberto Nicolete. Um ponto de destaque foi a roda de conversa com o pesquisador Jaime Ribeiro Filho, o morador do Crato, Geraldo Rozeo de Souza, a agente de saúde, Inácia Moura Ribeiro e o médico sanitarista da Fiocruz, Antônio Carlile.
Menções honrosas sobre plantas medicinais em doenças infecciosas
Houve também a apresentação de trabalhos relacionados ao tema do Workshop e cinco deles receberam menção honrosa: “Atividade antibacteriana do valenceno e nootkatone frente à cepa Klebsiella pneumoniae” de Maria Alícia Cavalcante Narciso et al.; “Doenças infecciosas tratadas com plantas medicinais no distrito de Nova Betânia em Farias Brito (Ceará, Brasil)” de Iara Ferreira Lima et al.; “Uso de plantas medicinais para o tratamento de doenças infecciosas no bairro São José (Juazeiro do Norte, Ceará, Brasil)” de Maria Raquel da Silva Duarte et al.; “Atividade dos terpenos neralidol, citral e geraniol sobre cepa de Staphylococcus aureus portadora de bomba de efluxo” Gildênia Alves de Araújo et al. e “Avaliação dos terpenos dihydrojasmone e β-caryophyllene frente à cepa de Serratia marcescens resistente à ampicilina” de Sheila Alves Gonçalves et al.
Segundo dia: terapias experimentais e biotecnologia de plantas medicinais
Em 4 de outubro, as palestras foram sobre “Efeito biológico dos óleos essenciais de própolis: aplicação biotecnológica da interação inseto/planta” com o pesquisador da URCA, Henrique Coutinho, “Infecções fúngicas e abordagens para busca de agentes ativos” com a pesquisadora da URCA, Maria Flaviana Bezerra Morais Braga, “Arma poderosa contra a infecção e resistência bacteriana: o papel vital transformador das plantas medicinais” com o pesquisador da URCA, Irwin Rose Alencar de Menezes, “A dinâmica das doenças infecciosas: a evolução dos vírus e seu impacto global” com a pesquisadora do Centro Universitário Doutor Leão Sampaio (UNILEÃO), Ana Ruth Sampaio Grangeiro e a também pesquisadora do UNILEÃO, Gardênia Maria Martins de Oliveira se juntaram a Jaime Ribeiro Filho, Christiane França Martins e Ketlen Christine Ohse, da Fiocruz Ceará, numa roda de conversa sobre educação. O evento contou ainda com uma oficina sobre extratos de plantas medicinais com Jaime Ribeiro Filho e Johnatan Wellisson da Silva Mendes (URCA).
Para o palestrante Henrique Coutinho, o evento foi relevante para a discussão sobre plantas medicinais em doenças infecciosas. “É muito bom a gente ter uma discussão sobre essa parte de produtos naturais e plantas medicinais no controle de doenças infecciosas, visto que isso é um problema de importância global”, comentou Coutinho.
A união da prática popular com o conhecimento técnico
A raizeira, terapeuta e pedagoga Rosane Ribeiro destacou a importância do evento para fortalecer a comunidade de raizeiras, que são pessoas que utilizam conhecimentos sobre a natureza para cuidar da saúde da comunidade. “Estou aproveitando esta oportunidade que a URCA nos ofereceu com palestras sobre ervas. As palestras são muito importantes para todas nós raizeiras porque nos fortalecem com informações técnicas. É uma chance de aprender mais e repassar o conhecimento para outras raizeiras” disse a participante.
Jaime Ribeiro Filho explicou que o evento teve público médio de 90 pessoas por dia. “O tema do workshop é bastante relevante, devido ao destaque que as plantas medicinais têm na saúde e na cultura popular do Cariri. É importante ressaltar que o evento promoveu uma integração de diferentes saberes no uso de plantas, desde a comunidade até a pesquisa associada ao tratamento de doenças infecciosas. Diante dos resultados positivos do evento e de sua relevância para a interface comunidade-academia, nossa ideia é fazer uma segunda edição no próximo ano” complementou Jaime, que trabalha em parceria com o PROCC.
Por: Luisa Picanço (VPEIC/Fiocruz)
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