SERPOVOS leva pesquisas sobre saúde dos povos tradicionais para Abrascão e ExpoESP
Pesquisas que vêm sendo desenvolvidas no âmbito do SERPOVOS foram apresentadas em dois espaços importantes de discussão sobre saúde pública em novembro: o Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva (Abrascão), fórum de referência mundial realizado pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO); e a ExpoESP, promovida pela Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP/CE), em parceria com a Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa).
13º Abrascão
A edição deste ano do Abrascão aconteceu entre os dias 19 e 24 de novembro, em Salvador, na Bahia, e teve como tema central “Saúde é democracia: diversidade, equidade e justiça social”.
A equipe de pesquisadoras e pesquisadores do SERPOVOS levou para o Congresso dados e análises sobre a Atenção Primária à Saúde no Ceará em comunidades tradicionais compreendidas entre as populações do campo, da floresta e das águas. Os trabalhos apresentados abordaram sobre desafios, saberes e práticas em saúde de comunidades e de equipes da Estratégia Saúde da Família a partir das experiências cadastradas na pesquisa-ação SERPOVOS.
Destaque ainda para a produção a respeito das barreiras ao direito à saúde em territórios indígenas no sertão cearense, fruto de pesquisa específica com povos Potyguara, Tapuia e Tabajara da Serra das Matas. Ela foi desenvolvida a partir da articulação do SERPOVOS com o intuito de contribuir com a melhoria do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS).
Além dos trabalhos, a experiência do SERPOVOS pôde ser compartilhada em apresentação feita pela coordenadora da pesquisa-ação Vanira Matos Pessoa. Ela participou ainda de mesa redonda “Saberes populares e as práticas comunitárias na dinâmica da Atenção Primária à Saúde”, ao lado das pesquisadoras Cláudia Maria Guimarães, Rocineide Ferreira e Laís Silveira Costa.
Durante a programação do Congresso, os integrantes da equipe participaram de oficina sobre Vigilância Popular em Saúde, Ambiente e Trabalho, do projeto Participatório em Saúde, da Fiocruz Ceará; e de oficina promovida pela Rede PMA – Programa de Políticas Públicas e Modelos de Atenção e Gestão à Saúde, da Fundação Oswaldo Cruz, que o SERPOVOS integra por meio de pesquisa interinstitucional.
Para Alissan Martins, professora da Universidade Regional do Cariri (URCA) e pesquisadora colaboradora da pesquisa-ação, “a participação do SERPOVOS no Abrascão permite reconhecimento a nível nacional – quiçá internacional – de aproximações possíveis e produção de conhecimento de forma articulada e participativa com os povos do campo, da floresta e das águas. E isso representa ganhos para a comunidade acadêmica, e também visibilidade para esses povos e suas demandas em saúde”.
(Foto: Acervo SERPOVOS)
Vanira Pessoa lembra que os temas do Congresso deste ano estão todos bem pulsantes no SERPOVOS: “A gente está trabalhando com uma política de equidade, que é a Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo, da Floresta e das Águas; e está trabalhando com um conjunto plural de organizações, movimentos populares, comunidades e trabalhadores do SUS – da gestão à atenção, além da vigilância.” A coordenadora da pesquisa-ação frisa que o evento fortaleceu referenciais teóricos e metodologias participativas de produção de conhecimento que o grupo de pesquisadores já vem estudando, discutindo e praticando há muitos anos, o que reforça a abordagem proposta pelo SERPOVOS. “O nosso trabalho foi muito bem debatido e acolhido, especialmente no entendimento de que ele traz possibilidades de reorientarmos as práticas de saúde e ressignificarmos o cuidado a partir da perspectiva da equidade”, comemora.
VIII ExpoESP
Os frutos da pesquisa sobre saúde indígena com os povos Potyguara, Tapuia e Tabajara da Serra das Matas também foram apresentados na VIII ExpoESP. O evento foi realizado entre os dias 17 e 19 de novembro, em Fortaleza, com foco no debate sobre a construção de um Sistema de Saúde Inteligente.
A pesquisadora colaboradora do SERPOVOS Graça Viana levou para o evento dois trabalhos abordando os saberes, as vivências e as práticas em saúde dos povos indígenas do sertão cearense. Também apresentou a metodologia de construção compartilhada de conhecimentos na produção de cartilhas educativas em saúde para valorização dos saberes e práticas ancestrais. Os trabalhos compuseram as áreas temáticas de controle social e participação popular, direito à saúde, e políticas públicas em saúde e equidade.
(Foto: Acervo SERPOVOS)
Para Graça, a participação do SERPOVOS na ExpoESP possibilitou um contraponto interessante ao debate sobre sistema de saúde inteligente. “Eu acho que levar todo o trabalho que vivenciamos na pesquisa sobre saúde indígena contribuiu no sentido de mostrar que essa inteligência não basta ser tecnológica, ela tem que ser também relacional”, defende, propondo a valorização de pesquisas participativas e do compartilhamento de saberes.
Os trabalhos do SERPOVOS para o Abrascão e para a ExpoESP tiveram contribuição de toda a equipe de trabalho e de representantes da Teia de Saberes e Práticas em Saúde, que congrega interlocutores da pesquisa-ação.
Apresentações assíncronas do SERPOVOS no Abrascão:
>> Experiências inovadoras de cuidado em saúde em territórios das Populações do Campo, Floresta e Águas do Ceará
>> Saberes, práticas populares e agroecologia na promoção do bem viver comunitário e do cuidado em saúde em territórios das populações do campo e das águas no Nordeste
>> O cuidado em saúde das Populações do Campo e da Floresta: percepções de lideranças, profissionais e trabalhadores da saúde
Para saber mais sobre os eventos:
VIII ExpoESP VIII ExpoESP: inovação e pesquisa em saúde marcam agenda de atividades do congresso – Escola de Saúde Pública do Ceará
13º Abrascão https://www.saudecoletiva.org.br/