Práticas Tradicionais de Cuidado e Cura

Descrição

O Projeto Práticas Tradicionais de cuidado e cura é uma iniciativa da Aldeia Mundo Novo do Movimento Potygatapuia, que promove a integração entre as demais aldeias, identificando a saúde que é praticada ancestralmente no território indígena. O trabalho nas aldeias é realizado com a parceria do Movimento que integra 26 aldeias. O objetivo do projeto é promover o intercâmbio de experiências relacionadas aos cuidados tradicionais e estimular o diálogo com o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena do Sistema Único de Saúde (SasiSUS). Na aldeia Mundo Novo, com a presença de indígenas das aldeias Jacinto, Tourão, Boa Vista, Chupador e Grota Verde, as aldeias do Movimento Potygatapuia, realizaram o primeiro encontro com praticantes da medicina tradicional para intercâmbio de experiências, troca de conhecimentos acerca das plantas, cultivos e usos terapêuticos. O Antônio Ferreira Nascimento, o Veinho, considerado o “Guardião da Mata” contribuiu com conhecimentos acerca das práticas tradicionais.

Problema motivador

Nem todas as aldeias pertencentes ao Movimento Potygatapuia estimulam a continuidade das práticas tradicionais de cuidado e cura. Foi identificada a necessidade de mapear os rezadores, mezinheiros e demais indígenas praticantes da medicina tradicional. Há dificuldades no diálogo entre a medicina tradicional e o SasiSUS. Daí a necessidade de fortalecimento dessas práticas através do intercâmbio de experiências.

O que propõe de inovação na saúde?

A aproximação entre a ciência dos povos indígenas e o conhecimento acadêmico, produzindo um diálogo de saberes para a garantia do direito à saúde.

Quem participa?

150 pessoas contempladas.

Como a experiência desenvolvida na comunidade contribui para a saúde dos participantes?

• A "medicina tradicional", como é chamada a prática de cuidado em saúde cultivada ancestralmente, vem sendo ferramenta de reconhecimento e afirmação étnica dos/das indígenas do sertão cearense;
• A espiritualidade estabelece conexão direta também com a natureza, com "os encantados" e em alguns momentos com elementos sincréticos da religiosidade brasileira. Essa conexão promove o bem-estar, o sentimento de pertencimento ao lugar e a tudo que a natureza possa lhes ofertar;
• A experiência favorece a valorização dos saberes tradicionais da comunidade;
• Os saberes tradicionais, envolvem o conhecimento profundo da natureza, especialmente das plantas, das formas de cultivo da terra, dos ciclos da água, das relações com os animais, bem como da espiritualidade;
• Os/As praticantes desta medicina nos revelam, a partir das suas declarações, que essa ciência foi aprendida ao longo do tempo, sendo passada de geração a geração. Portanto, buscam visibilizar essa ciência que promove saúde e articulam, em alguns momentos, com a saúde organizada pelo Estado.

O que é o cuidado em saúde?

• Acreditar na ciência;
• Cuidar do meio ambiente;
• Cultivar as relações humanas, a prática da solidariedade e das partilhas com os parentes;
• Promoção do diálogo permanente entre o saber tradicional e o serviço ofertado pelas equipes de saúde do SasiSUS;
• Promover a alimentação saudável;
• Valorizar a política de saúde;
• Valorizar e preservar os saberes tradicionais;
• Viver em paz, em conexão com a natureza e lutando para superar as dificuldades.

Como as necessidades em saúde da comunidade estão sendo atendidas pela APS?

• Ancestralidade;
• Bom relacionamento entre as aldeias;
• Cuidados para não adoecer;
• Cuidar da água, que seja limpa, boa de beber;
• Cura pela ancestralidade;
• Luta pela demarcação do nosso território;
• Não desmatar;
• Prevenir as doenças.

Como inovar no cuidado em saúde no território?

• A medicina ancestral, tradicional nos aparece como uma importante ferramenta de afirmação da memória indígena, haja vista todos os saberes e feituras de cura terem referência nas formas de cuidado em saúde dos/das antepassados/as, vivos na memória oral dos/das praticantes;
• Considerar não somente o fator biológico, mas o sócio econômico, o político como forma de melhorar a vida coletiva;
• Cuidado com os animais, cuidado com as caças;
• Cultivar os lugares sagrados para a prática da espiritualidade;
• Disseminar conhecimentos sobre a promoção de alimentos saudáveis, evitar os piores alimentos, cuidar do estilo de vida combatendo o tabagismo e alcoolismo;
• Morrer sadio, cumprir com as suas obrigações de educar filhos, netos e a comunidade;
• Praticar a solidariedade na partilha de alimentos;
• Preservar a mata, ensinar a plantar, cuidar dos animais;
• Promover a formação da pajelança utilizando elementos da ancestralidade e o conhecimento de troncos velhos para a formação dos jovens na continuidade desse saber, sem a necessidade de ter intermediários com a força superior, Pai Tupã;
• Reconhecer que o saber ancestral, coletivo e popular se torna central na produção de conhecimentos, estando presente de maneira autônoma na perspectiva de um saber transformador
• Superar os desafios da extensão territorial e vulnerabilidades através da luta política.

Conversa desenhada

Galeria de imagens

Parcerias

• Profissionais do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS)
• Escola Nacional de Saúde Pública/Fundação Oswaldo Cruz