Vigilância Popular na Chapada do Apodi

O Território

Localização:

Chapada do Apodi, Tabuleiro do Norte, Ceará

Total de pessoas:

300 mil pessoas

Populações e comunidades no território:

  • Ribeirinhas
  • Agricultores(as) familiares
  • Atingidos(as) por barragens
  • Comunidades tradicionais
  • Comunidades que habitam ou usam reservas extrativistas
  • Trabalhadores(as) rurais assalariados e temporários
  • Trabalhadores(as) rurais meeiros
  • Trabalhadores(as) rurais assentados ou acampados

Conflitos socioambientais e/ou territoriais:

Até 2021 essa era a principal luta do território: água para consumo humano e em quantidade e qualidade. Recentemente, o território se deparou com um novo e expressivo problema, a instalação da empresa Nova Agro Agropecuária Ltda, do grupo da Santana Textilis S/A. As comunidades localizadas mais próximas de algumas áreas da empresa já têm relatado a morte de abelhas, forte odor de veneno e outros produtos químicos, desmatamento, cercamento das áreas antes utilizadas para apicultura e para criação dos animais soltos.

Equipamentos e profissionais do SUS no território:

Programa Saúde da Família (PSF), Centro de Referência em Saúde do Trabalhador e Ambiente (Ceresta)

A experiência

Após o assassinato do ativista ambiental e líder comunitário limoeirense, José Maria Filho, conhecido como Zé Maria do Tomé, ocorrido em 21 de abril de 2010, surge o Movimento 21, assumindo a luta de combate à contaminação ambiental causada pelo uso de agrotóxicos, e a situação de exploração dos trabalhadores das empresas de fruticultura irrigada da Chapada do Apodi. Pode-se dizer que o Movimento 21 é considerado também uma forma de pedagogia libertadora, como diz Paulo Freire, pela forma que o processo de educação chega à classe trabalhadora e as comunidades da Chapada do Apodi, visto que tem um modelo pedagógico diferenciado da educação tradicional, seja quando realiza atividades através do cordel, do teatro, vídeos, documentários, em forma de almanaque com jogos, que o Núcleo Tramas da UFC produziu ou, mais recentemente, quando uma quadrilha junina elabora seu tema a partir das produções de pesquisas do território da Chapada do Apodi.

Na região também é realizado o projeto “CSA Meu Quintal em Sua Cesta”, que é fruto de um processo de acompanhamento ao território, desde 2016. Inicialmente, a partir da implantação da tecnologia social de reuso de águas cinzas – Sistema Bioágua Familiar -, acompanhamento técnico e político, organização de feiras agroecológicas, incidência política pela garantia dos direitos, e de modo especial, pelo direito à água. No segundo semestre de 2020 surgiu a reflexão junto à diretoria e assessorias da Cáritas sobre a necessidade de uma experiência de comercialização mais sistemática, foi quando foi apresentado a experiência da CSA Brasil por meio de vídeos, textos etc. A partir daí foi iniciado um diálogo com o território, e com a parceria do IFCE Campus de Limoeiro foi construída uma proposta. Após diversas reflexões e construções, no dia 19 de março de 2021 a CSA fez a sua primeira entrega de cestas de alimentos agroecológicos à co-agricultores (as) de Tabuleiro e Limoeiro do Norte, produzindo e comercializando alimentos agroecológicos e livres de agrotóxicos.

Saiba mais em:

Boletim

Galeria de fotos

Galeria de fotos (M21)

Locais onde foi realizada a experiência:

  • Associação/Sindicatos/Colônia
  • Domicílio
  • Escola
  • Igreja
  • Praça
  • Unidade Básica de Saúde

Participantes:

CSP CONLUTAS, CÁRITAS DIOCESANA, MST) e a FAFIDAM/UECE, aliam-se ao grupo de pesquisa TRAMAS/UFC do curso de Medicina da UFC e recentemente outras instituições se incorporam como a OPA, a EFA Jaguaribana, grupos de pesquisa como Lecampo, Naterra e o MAIE aprofundando uma experiência organizativa fundada no diálogo-ação entre militantes de movimento sociais e pesquisadores que, além do suporte político, passam a apoiar-se em dados científicos de primeira grande pesquisa realizada em torno dos agrotóxicos, usados na fruticultura na região do Baixo Jaguaribe. Iniciada em 2006, sob a coordenação da professora Raquel Rigotto (UFC), que comprovam a contaminação da água, do solo e das pessoas por esses agentes tóxicos, inclusive, relacionando-os aos elevados casos de câncer nessa região.

Movimentos sociais, entidades e organizações:

A confluência dos vários movimentos sociais e instituições já atuantes na região - CSP Conlutas, Cáritas Diocesana, MST, Universidade Estadual do Ceará-UECE/FAFIDAM - com o Núcleo TRAMAS (Trabalho, Meio Ambiente e Saúde) do curso de Medicina da Universidade Federal do Ceará-UFC, e mais recentemente a entrada de novos parceiros como o grupo de pesquisa NATERRA, LECAMPO, OPA, MAIE, EFA, e outros parceiros ocasionais, consolidaram um novo instrumento de luta que veio a denominar-se Movimento 21 - M21 que, desde sua criação em 2010, motivado pelo assassinato do líder comunitário Zé Maria do Tomé, desenvolve diferentes tipos de ações e de luta direta em torno da discussão do próprio modelo de produção - o Agronegócio - e seus mecanismos estranhos ao cotidiano das comunidades tradicionais, sobretudo, por conta do uso intenso de agrotóxicos.