Websérie Vigia, Povo!
Como o modelo atual de desenvolvimento afeta as comunidades do campo, floresta e águas? A vigilância popular em saúde, ambiente e trabalho é o protagonismo popular na denúncia, mas ao mesmo tempo no anúncio de ações para a defesa da vida de comunidades ameaçadas pelo atual modelo de desenvolvimento hegemônico no Brasil.
Em cinco episódios, a websérie “Vigia, povo!” viaja pelo Quilombo do Cumbe, a Comunidade do Jardim, comunidades rurais da Chapada do Apodi, o Assentamento Pedra Branca e o território Anacé no Lagamar do Cauípe trazendo anúncios e denúncias por meio das vozes desses territórios.
Ao longo dessa jornada pelo Ceará, vamos conhecer as histórias e experiências dessas comunidades para entender como a vigilância popular pode ser uma ferramenta importante de luta pela vida.
Navegue por episódios:
A Chapada é do povo
A Chapada do Apodi é uma região em que tradicionalmente as pessoas vivem da agricultura familiar e da criação de abelhas, produzindo alimentos de forma agroecológica. A chegada do agronegócio na região comprando muitas terras, produz desmatamento, introduz o uso de agrotóxicos que acabam chegando nos quintais, nas criações de abelhas e até nas casas das pessoas. O avanço do agronegócio vai ilhando os que resistem, mas a organização popular produz resistências como, atividades de mobilização, fortalecimento dos quintais produtivos, feiras e outras estratégias de comercialização dos produtos agroecológicos.
Maré Mãe
A comunidade do Jardim em Fortim, é um território por onde passa o rio Jaguaribe e onde as pessoas vivem da pesca artesanal de peixes e mariscos. Nessa comunidade as lutas políticas são lideradas principalmente por mulheres marisqueiras que consideram o rio, como pai e mãe, parte do próprio corpo. Este episódio traz como centralidade as marisqueiras se organizando para dar visibilidade às lutas para denunciar o derramamento do petróleo que ocorreu em 2019, as mazelas trazidas pela carcinicultura e o direito ao território.
Povo Cuidando do Povo
Esse episódio tem como referência o cotidiano de trabalho de uma agente comunitária de saúde atuando há mais de 20 anos em um assentamento do MST em Miraíma CE e que a partir de uma formação durante a pandemia, assumiu-se também como agente popular de saúde do campo que em seu trabalho acolhe e dialoga com os saberes populares no cuidar. Apresenta como uma novidade produzida na formação, a criação de um aplicativo que centraliza as informações captadas no território e que poderão ser compartilhadas com a equipe de saúde da família.
Onde caminha o Grande Espírito
Para o povo indígena Anacé, o Cauípe é o rio onde caminha o Grande Espírito. Esse rio vem sendo explorado pelo Complexo Industrial Portuário do Pecém e parte desse povo foi expropriado e conduzido para outro território enquanto parte ali permaneceu lutando como guardiões da natureza, pelo seu reconhecimento e demarcação como território indígena e pelo livre acesso às águas do rio. Esse episódio evidencia como o modo de vida desse povo que se ancora no respeito à natureza os impulsiona a se constituírem guardiões do território.
Guardiões do Território
O Cumbe é um território quilombola que inclui o ecossistema manguezal e cujos moradores vivem principalmente da pesca tradicional. A comunidade vem sendo atingida pela carcinicultura que polui o rio e o mangue e prejudica a atividade da pesca. Mais recentemente a instalação de um parque eólico, retirou o livre acesso da comunidade à praia, destruiu dunas, aterrou lagoas. O episódio retrata a luta dos moradores e suas organizações que se colocam como guardiões do território e incluem o cuidado ao território, seu reconhecimento como território quilombola, o acesso livre ao mar, o enfrentamento ao avanço da carcinicultura e a defesa do turismo comunitário.